Calcemia e ruminação em vacas Jersey recém paridas em rebanho com ordenha robotizada
Resumo
Resumo: Vacas leiteiras, principalmente as de alta produção, enfrentam um período desafiador após o parto e início da lactação, comumente classificado como período de transição. A hipocalcemia é uma das doenças que mais acometem as vacas nesse período, e é relatado na literatura que vacas da raça Jersey são mais propensas a apresentar esta doença que pode apresentar-se de duas formas; na forma clínica (HC) ou na forma de hipocalcemia subclínica (HSC). Como protocolo muitas fazendas têm tratado as vacas com HSC da mesma forma, mas trabalhos recentes mostram que vacas com HSC podem lidar de forma diferente com esta homeostase do cálcio nos primeiros dias após o parto. É fisiológico que o Ca tenha seu nadir ao redor das 12 às 36 horas após o parto, mas o que parece ser mais importante é quão rapidamente essas vacas retornam a normocalcemia. Este estudo ocorreu em uma fazenda comercial, que possui rebanho formado apenas por vacas da raça Jersey, mantidas em compost barn, sistema de ordenha robotizada (SOR), com 6 robôs, em fluxo livre. O estudo foi dividido em duas partes. Na primeira parte realizamos um estudo retrospectivo observacional, foram avaliadas 116 vacas recém paridas, e as classificamos em grupos de normocalcêmicas (NC) com concentração de Ca> 2,15 mmol/L nos 4 primeiros dias após o parto, e HSC em três grupos: HSC transitória que apresenta a concentração de Ca ? 2,15 mmol/L no 1 dia após o parto, mas consegue recuperar a partir do 2, 3 e 4 dias; HSC atrasada que não obteve queda de Ca> 2,15 mmol/L no primeiro dia mas sim a queda ? 2,15 mmol/L ocorreu a partir do segundo dia em diante; e a HSC persistente que teve a concentração de Ca ? 2,15 mmol/L em todos os 4 dias após o parto. Após os resultados da análise de Ca, definimos a classificação das vacas em categorias de cálcio e relacionamos com produção de leite e os metabólitos: cálcio plasmático, cálcio sérico, haptoglobina, BHB, AGNE, albumina, bilirrubina, colesterol, AST e glicose. O objetivo desse trabalho foi relacionar as categorias de HSC com produção e saúde em vacas Jersey, e na segunda parte do estudo avaliamos a ruminação de 377 vacas em 895 lactações, que correspondem a todo o período de funcionamento do SOR. Utilizamos a ruminação dessas vacas nos primeiros 15 dias após o parto, comparando-a com dados da lactação até os 60 dias, gerados pelo robô. Avaliamos as variáveis produção de leite, indicações de gordura e proteína, número de ordenhas e ingestão de concentrado no robô, para verificar qual o impacto que vacas de alta, média ou baixa ruminação tem sobre esses parâmetros de produção. Os resultados observados no presente estudo demonstram que vacas que apresentaram HSC transitória produziram mais leite que vacas que apresentaram HSC persistente, e obtiveram um perfil metabólico semelhante a NC. Foi possível observar também que vacas classificadas com alta ruminação produziram mais leite, com menores teores de gordura e de proteína, foram ordenhadas mais frequentemente e consumiram maior quantidade de concentrado no robô, em comparação as vacas de baixa ruminação. Palavras chave: vacas leiteiras, cálcio, ruminação, período de transição Abstract: Dairy cows, especially the high-producing ones, face a challenging period before and after calving, commonly called the transition period (21 days before and 21 days after calving). Hypocalcemia is one of the diseases that affect cows in this period, especially Jersey cows. Which can present itself in two ways: clinical (HC) and subclinical (SHC). As a protocol, many farms have treated cows with SHC in the same way, but recent studies show that cows with this disorder may deal differently with calcium homeostasis in the first days of lactation. It is physiological that Ca has its nadir around 12 to 36 h after calving, but is interesting how well these cows return their Ca concentration to the ideal level. This experiment was carried out on a commercial farm in Southern Brazil, Paraná, which has a herd composed of Jersey cows that were housed in a compost barn with 6 automated milking systems (AMS) with free-flow. This study was divided into two parts. In the first one, we used a study retrospective cohort, divided 116 recently calved cows into four groups of calcemia: normocalcemic (NC; Ca> 2.15 mmol/L in the first 4 days after calving); transient SHC (Ca ? 2.15 mmol/L at 1st day after calving and recovery to Ca> 2.15 mmol/L in the other 3 days after calving); delayed SHC (Ca> 2.15 mmol/L at the first days and a drop to ? 2.15 mmol/L in the other 3 days after calving); persistent SHC (Ca ? 2.15 mmol/L in the first 4 days after calving). This study aimed to investigate the association between calcemia group and with milk yield and blood metabolites, plasma calcium, serum calcium, haptoglobin, BHB, NEFA, albumin, bilirubin, cholesterol, AST, and glucose. In the second part of the study, we evaluated the rumination of 377 cows in 895 lactations and related with milk yield, fat and protein indication, number of milkings and concentrate intake, to see what impact the level of rumination (high, medium and low) have on these production parameters. The results demonstrate transient SCH cows had a higher milk yield than persistent SCH and similar metabolic profile to normocalcemic cows. It was also possible to observe that cows having a high level of rumination until 15 days in milk, produced more milk, with lower milk fat and protein contents, were milked more frequently and showed a higher concentrate intake compared with cows with medium and low levels of rumination. Keywords: dairy cows, calcium, rumination, transition period.
Collections
- Dissertações [83]