Reflexões sobre o silêncio das universidades públicas brasileiras frente às violências de gênero perpetradas na convivência acadêmica
Resumo
Resumo: A presente pesquisa procurou responder à seguinte pergunta: qual o posicionamento das Universidades em relação às violências de gênero decorrentes da convivência universitária? Numa tentativa de encontrar elementos suficientes para resposta foi realizada uma pesquisa empírica quantitativa e qualitativa com: i. aplicação de questionário; ii. realização de entrevistas em profundidade; iii. análise documental dos regimentos internos de 51 Universidades Federais; iv. coleta de dados sobre o número de processos acadêmicos disciplinares que envolviam violência de gênero nas Universidades através do Painel Correição em Dados da Controladoria Geral da União; e v. requisição de informações diretamente às Universidades pesquisadas através da plataforma Fala.Br com fundamento na Lei de Acesso à Informação. O objetivo foi identificar qual o papel institucional em relação às violências de gênero que acontecem no ambiente universitário e como as Universidades (não) lidam com isso. A resposta à pergunta central não parece indicar a falta de conhecimentos sobre a complexidade das demandas, mas antes um conhecimento profundo, além de um esforço ativo para se manter como um não-lugar de demandas, sem se reconhecer como espaço que deva se responsabilizar sobre aquelas realidades. Há ausências e não-ditos. Há incômodos. Há também resistências, ainda que frágeis, que se negam a assumir que é "assim mesmo" e se escandalizam com a banalização das violências cotidianas, não só nos intramuros institucionais Abstract: The present research sought to answer the following question: what is the position of universities regarding gender-based violence resulting from university life? In an attempt to find sufficient elements for an answer, a quantitative and qualitative empirical research was conducted with: i. the application of a questionnaire; ii. in-depth interviews; iii. documentary analysis of the internal regulations of 51 federal universities; iv. data collection on the number of academic disciplinary proceedings involving gender-based violence in universities through the Corregedoria Panel on Data from the General Comptroller of the Union; and v. requests for information directly from the researched universities through the Fala.Br platform based on the Access to Information Law. The objective was to identify the institutional role concerning gender based violence that occurs in the university environment and how universities (do not) address this issue. The response to the central question does not seem to indicate a lack of knowledge about the complexity of the demands, but rather a deep understanding, alongside an active effort to maintain themselves as a non-place for demands, without recognizing themselves as a space that should take responsibility for those realities. There are absences and unsaid issues. There are discomforts. There are also resistances, albeit fragile, that refuse to accept that it is "just the way it is" and are scandalized by the trivialization of everyday violence, not only within institutional walls
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- Teses [318]