Quando a essência atravessa fronteiras: atos de jornalismo praticados por amadores
Resumo
O artigo traz uma abordagem teórica que discute a noção de “atos de jornalismo” praticados por não-jornalistas. Para isso, percorremos inicialmente a trajetória de profissionalização da área. Verificamos que jornalistas se distinguem de amadores devido a critérios administrativos, e que não levam em consideração a natureza da atividade que exercem. Em um segundo momento, as bases teóricas de Otto Groth nos auxiliam a pensar uma “essência” para o jornalismo. Ainda assim, seus quatro tipos ideais – periodicidade, universalidade, atualidade e publicidade – se alastram para além das fronteiras do campo, e podem ser pensadas também em amadores engajados no que chamamos de atos de jornalismo. Concluímos sugerindo que o jornalismo é uma prática social que pode ser feita por amadores, ainda que eles não sejam jornalistas profissionais, e lançamos a ideia de “atos de jornalismo” como uma noção situada às bordas das fronteiras jornalísticas, podendo ser utilizada para denominar diversas atividades de cunho jornalístico.