ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS DA MORADIA: CONSUMO E PERSONALIZAÇÃO
Resumo
Este estudo investigou as relações entre consumo e a personalização das moradias populares, bem como os significados da casa própria para os sujeitos e a transformação do objeto físico (casa) em um objeto imaterial (lar), bem como os processos para que esse movimento de significado ocorra. É característico do ser humano apropriar-se do espaço e organizá-lo para satisfazer suas necessidades, tendo em vista que “uma das características da cultura pós-moderna é a atenção dada ao espaço e a particularização dos espaços” (SANTOS, 1988). Portanto, modificar sua moradia é uma questão cultural e de reprodução social variável para cada pessoa, pois, por meio do espaço da moradia, as representações sociais adquirem importância analítica por transparecerem a personalidade de quem o transforma. A metodologia teve por base a pesquisa narrativa, entrevistando moradores de um conjunto habitacional do interior paulista, colhendo histórias de vida que revelassem a importância da aquisição da moradia para esse público. O principal resultado foi verificarmos nas falas dos informantes que a personalização com objetos, paisagismo, cores e móveis está em segundo plano e que os efeitos transformadores dos valores simbólicos da casa em si é que fazem desse objeto um lar, refletindo na qualidade de vida desses moradores.