Os sentidos das práticas de leitura na voz de universitários do curso de pedagogia de uma universidade pública
Resumo
Resumo: A (trans)formação profissional e a aquisição de conhecimentos dos estudantes na universidade é atravessada por práticas de leitura de gêneros científicos, que também são produtoras de modos de subjetivação. Assim, buscou-se investigar os efeitos de sentidos dessas práticas em acadêmicos de um curso de Licenciatura em Pedagogia, de uma instituição pública. Trata-se de uma pesquisa qualitativa caracterizada por estudo documental e de campo que, por meio da análise dialógica bakhtiniana do discurso, se debruçou sobre os enunciados presentes no plano curricular e em ementas do curso, além das vozes de nove estudantes e uma professora. As discussões foram fundamentadas nos pressupostos enunciativodiscursivos do Círculo de Bakhtin, principalmente na concepção dialógica de linguagem e sujeito, e no conceito de letramento acadêmico (New Literacy Studies). Considerou-se para a análise dos dados: a transcrição de entrevistas dialogadas, as observações de aulas e o formulário preenchido pelos estudantes. As análises foram elaboradas levando em consideração as seguintes categorias de análise: (1) Efeitos subjetivos das práticas de leitura produzidos nos estudantes; (2) Estranhamento da leitura acadêmica e o prazer no ato de ler, ou a sua ausência; (3) A leitura como meio transparente de transmissão de conteúdos e a consequente pressuposição da (in) competência do estudante; e (4) Práticas voltadas para superar as dificuldades de compreensão da leitura dos gêneros científicos. Através dos recortes dos enunciados dos estudantes, constatou-se diferentes sentidos em suas subjetividades leitoras, sendo que alguns produziram efeitos negativos, através das dificuldades de compreensão daquilo que leem, tais como: exaustão, sofrimento e angústia, concretizados em atos como choro e discriminação. Para muitos dos participantes, a leitura na universidade tornou-se uma obrigação desmotivadora, assim como em suas experiências de vida e de processos de letramentos em etapas anteriores da escolarização. As observações de aulas e os enunciados analisados denotam que a falta de mediação, por parte dos docentes, faz com que os estudantes, em seu momento de conflito com as práticas dominantes da leitura, procurem, por si só, estratégias para enfrentar as dificuldades. A instituição, na maior parte das vezes, não apresenta ou sugere meios para a (re)significação do ato de ler na universidade. Também se constatou que há poucas ferramentas para transformar essa realidade. Dessa forma, além do debate sobre o sofrimento acadêmico, a pesquisa aponta a necessidade de maiores pesquisas sobre a temática e de políticas pedagógicas para que as universidades possam planejar ações formativas para a leitura de gêneros científicos, tornando mais significativas as experiências dos estudantes no contato com esses textos, bem como mais produtiva e tranquila a sua permanência nesse espaço. Abstract: Professional (Trans) formation and the acquisition of knowledge by students at the university are crossed by reading practices of scientific genres, which are also producers of subjectivation modes. Thus, we sought to investigate the effects of the meanings of these practices in students of a Teaching degree in Pedagogy, from a public institution. It is a qualitative research characterized by documentary and field study that, through the Bakhtinian dialogical analysis of the discourse, focused on the statements present in the curricular plan and in the course descriptions, in addition to the statements of nine students and a teacher. The analyzes were developed taking into account the following categories of analysis: (1) Subjective effects of reading practices produced on students; (2) Strangeness of academic reading and pleasure in the act of reading, or its absence; (3) Reading as a transparent means of transmitting content and the consequent assumption of the student's (in) competence; and (4) Practices aimed at overcoming difficulties in understanding the reading of scientific genres. Through the clippings of the students' statements, different meanings were found in their reading subjectivities, some of which produced negative effects, through difficulties in understanding what they read, such as: exhaustion, suffering and anguish, concretized in acts such as crying and discrimination. For many of the participants, reading at the university has become a demotivating obligation, as well as in their life experiences and literacy processes in earlier stages of schooling. The observations of the classes and the statements analyzed show that the lack of mediation on the part of the teachers makes the students, in their moment of conflict with the dominant practices of reading, seek, by themselves, strategies to face the difficulties. The institution, most of the time, does not present or suggest means for the (re) signification of the act of reading at the university. It was also found that there are few tools to transform this reality. Thus, in addition to the debate on academic hardships, the research points to the need for further research on the subject and pedagogical policies so that universities can plan training procedures for reading scientific genres, making students' experiences in contact, with these texts more meaningful, as well as more productive and peaceful their permanence in that space.
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