O ensino de biologia em museus : o que dizem os licenciandos em Ciências Biológicas da UFPR?

Abstract

Resumo : O ensino e aprendizado podem ocorrer em uma multiplicidade de espaços e formas. Além do ambiente escolar, um espaço formal com normas e hierarquias bem definidas; há os espaços informais e não formais de ensino, quando ocorrem fora desse. No primeiro, não há a intencionalidade em aprender, enquanto no segundo ela se faz presente. Os museus são exemplos de espaços não formais. Reconhece que o ambiente escolar não tem sido suficiente para lidar com todo o espectro de conhecimento científico necessário para a formação do sujeito, de modo que outros espaços, como os museus (foco deste estudo), tornam-se essenciais para complementar este ensino e aprendizado. Contudo, a falta de uma formação inicial e continuada de professores que discuta o uso dos museus de forma complementar à educação formal compromete com o potencial de aprendizado nesses espaços não formais. Desta forma, este estudo teve como objetivo analisar os dizeres dos licenciandos de Ciências Biológicas da UFPR a respeito dos museus e ensino de biologia. A pesquisa foi de caráter qualitativo, com o uso de um questionário contendo 6 perguntas abertas sobre museu e ensino; entregue para licenciandos que cursavam a disciplina de Metodologia de Ensino de Ciências e Biologia no ano de 2022. Destas 6 perguntas, foram escolhidas 2 para análise: uma a respeito das suas experiências na formação sobre o espaço; e a segunda como utilizariam o museu para o ensino de forma complementar à escola. A análise foi feita com base na Análise de Discurso Francesa, como descrita por Eni Orlandi. O projeto foi aprovado no comitê de ética sob o número do parecer consubstanciado 5.671.002/2022. Observou-se que os licenciandos apresentaram poucas experiências nas suas formações em que houve a discussão sobre o ensino em museus. Também, em seus dizeres, notou-se poucos discursos que considerassem a ligação entre o museu e os momentos escolares anteriores e posteriores à visitação deste. Estes resultados complementam o já descrito na literatura, do comprometimento no potencial do espaço museal para o aprendizado de forma complementar a escola; pela falta de discussões na formação inicial de professores. Isto reforça a necessidade de repensar essa formação em Ciências Biológicas, incluindo mais momentos de discussão sobre o tema. Todavia, os discursos dos licenciandos envolviam os potenciais destes espaços no ensino, bem como o uso do museu pautado no aprendizado ativo e discurso polêmico. Demonstra-se com isso que, apesar de haver essa necessidade de maior inclusão do tema na formação dos licenciandos; a discussão geral sobre o ensino e aprendizado nas suas formações, mesmo que não diretamente associada aos museus, contribuiu parcialmente com uma visão mais ampla de seus usos e potenciais. Não somente isso, os dizeres dos licenciandos revelam a multiplicidade de sentidos que os museus podem ter para o aprendizado, de que não há um único propósito e modo de ser utilizado

Abstract : The teaching and learning process can occur in multiples places and ways. As well as the school environment, a formal space with well-defined hierarchy and regulations; there’s the informal and non-formal environments of learning, which occur outside of it. In the first one, there’s no intent of learning, when there’s in the second. The museums are examples of non-formal environments. It’s been recognized that the school environment is not enough to deal with all the scientific knowledge’s range necessary in a subject’s formation, in a way that others environments, like the museums (spotlight of this study); become essential to complete the teaching and learning process. However, the lack of an initial and continuous formation of teachers that discuss the usage of museums complementary to the formal education compromises the learning potential in these non formal environments. Therefore, this study’s had the objective to investigate the speeches of biological sciences licentiate’s students of UFPR about museums and the teaching of biology. This research was qualitative in nature, with the usage of a survey form having 6 open questions about museum and teaching; that were delivered to licentiate’s students attending Teaching Methodology of Sciences and Biology in 2022. From the 6 questions, 2 were chosen for analysis: one about graduation’s experiences concerning museums; and the second how they’d use the museum for teaching complementary to the school. The analysis was made based on the French Discourse Analysis, as described by Eni Orlandi. The Ethics Committee approved this project with the substantiated number 5.671.002/2022. The licentiate’s students have had few experiences including the discussion of teaching in museums during their formation. Furthermore, in their speeches, few discourses considered the connection between museums’ visitation and previous and following moments in school. These results complement the existed ones in literature, of the compromise in museums’ learning potential complementarily to the school, by the lack of discussions in teachers’ initial formations. This reinforces the necessity of rethinking this biological sciences formation, to include more moments of discussion about the theme. Nevertheless, the students’ discourses not only included these environmental teaching potentials, but also the usage of these places based on active learning and polemic discourse. Thus, although there’s the necessity to increase the inclusion of the theme during the students formation, the general discussion about teaching and learning in their graduation, even though not directly associated with museums, partially helped with a broad vision of their usages and potentials. Moreover, the students’ speeches revealed the multiplicity of meanings, which the museums can have for learning; that there’s not only one purpose and way of using them