A subjetividade neoliberal e a faceta sociopolítica da crise da democracia
Resumo
Resumo: A presente pesquisa buscou analisar qual a relação entre a subjetividade neoliberal e a crise democrática, realizando um diálogo entre o esvaziamento da cidadania no neoliberalismo, em meio a subjetivação neoliberal do trabalhador, e a noção de captura da subjetividade nos movimentos autoritários. Traçou-se um estudo teórico mobilizando as noções de autores foucaultianos e neomarxistas cujas teorias versam sobre a subjetividade do trabalhador e a crítica da cidadania neoliberal, bem como as investigações sobre a psicologia das massas em sua relação com os autoritarismos. A hipótese que guiou o trabalho foi a de que a subjetividade neoliberal, engendrada por meio da forma do indivíduo enquanto empresa ou empresário de si, gera efeitos deletérios no âmbito da cidadania democrática, por meio de uma subjetivação do trabalhador alienada de si, o qual passa a se colocar contra a democracia, facilitando, assim, arroubos autoritários. Nessa via, em um primeiro plano, destacou-se a relação entre a subjetividade neoliberal e a cidadania democrática esvaziada. Na sequência, evidenciou-se como os direitos sociais trabalhistas são um campo de disputa política, tendo em vista seus reflexos na matéria da subjetividade do trabalhador. Por fim, destacou-se como o cenário da fragilização da proteção juslaboral, por meio do fortalecimento da racionalidade neoliberal nas relações de trabalho, prepara terreno fértil para a ascensão do autoritarismo, tendo em vista a "paixão pela instrumentalidade" dos trabalhadores estranhados de uma subjetividade perene, que se sustenta essencialmente: 1. no abandono pelos sujeitos da singularidade e dos ideais; e, 2. na despersonalização em prol de uma "cena" sustentada por um mecanismo comum entre os indivíduos, em que o sujeito se instrumentaliza a fim de se conformar ao social, abandonando o "Eu" em favor de um "falso self" teatral (a cena autoritária). Conclui-se que a lógica neoliberal, se assemelha à lógica fascista por meio do discurso do sacrifício, envolvendo os indivíduos em uma passividade política fundada na conversão instrumental do cidadão, e, portanto, pela incompatibilidade entre a democracia, mesmo a liberal, e o neoliberalismo
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- Ciências Jurídicas [3569]