Jovens encarceradas(os) : trajetórias vida e memórias escolares

Abstract

Resumo: Esta dissertação explora as trajetórias de vida e as experiências escolares de jovens em privação de liberdade, com o objetivo de estabelecer conexões entre o aumento crescente de jovens em situação de encarceramento e as influências provenientes de seus contextos familiares e escolares. O estudo busca compreender os possíveis fatores de risco e de proteção presentes nessas circunstâncias. Para um melhor entendimento dessas vivências, esta pesquisa também aborda a compreensão da adolescência, tomando como referência a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estende esse período até os 24 anos de idade. Esta pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, uma vez que busca compreender as percepções, ações e contextos que afetam as relações dos sujeitos com seus ambientes, neste caso, família e escola. Nove jovens, 5 mulheres e 4 homens, com idades entre 18 e 24 anos, privados de liberdade, participaram do estudo, realizado no Complexo Penal de Piraquara, em duas unidades (feminina e masculina). O estudo envolveu cinco encontros para desenvolvimento do grupo focal e a aplicação de três instrumentos: Inventário de Estilos Parentais (IEP) (Gomide, 2006), Questionário Histórico Infracional Familiar (adaptado de Gomide, 2015) e Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) (Marturano, 2006). Além disso, uma entrevista semiestruturada foi conduzida para uma compreensão mais aprofundada. Os resultados desta pesquisa indicam que os fatores de vulnerabilidade observados nos participantes desempenham um papel significativo no envolvimento com a criminalidade. O ambiente familiar, marcado por violência, abusos e dificuldades financeiras, demonstrou ser adverso. Da mesma forma, a escola revelou-se como um espaço onde a violência entre os colegas era prevalente, acompanhada de normas rigorosas e uma comunicação defasada entre professores e alunos. Além dessas considerações, é relevante abordar o envolvimento dos participantes com álcool e drogas, o que se apresenta como um fator contribuinte para a continuidade de suas atividades criminosas, afetando não apenas sua saúde física, mas também a mental. Conclui-se, portanto, que as influências dos contextos familiares e escolares nas trajetórias de vida dos jovens em privação de liberdade tiveram um impacto significativo em seu engajamento no crime. Dessa forma, ressalta-se a importância de abordagens preventivas e de suporte social para reduzir os fatores de risco e facilitar a reintegração desses jovens na sociedade

Abstract: This dissertation explores the life trajectories and school experiences of youth in situations of confinement, aiming to establish connections between the growing number of young individuals in incarceration and the influences arising from their familial and educational contexts. The study seeks to comprehend the potential risk and protective factors within these circumstances. For a more comprehensive understanding of these experiences, this research also delves into the comprehension of adolescence, drawing on the definition provided by the World Health Organization (WHO), which extends this phase up to 24 years of age. This research adopts a qualitative approach, as it aims to grasp the perceptions, actions, and contexts affecting subjects' relationships with their environments, in this case, family and school. Nine incarcerated youth, comprising 5 females and 4 males, aged between 18 and 24 years, participated in the study, conducted at the Piraquara Penitentiary Complex, in both its female and male units. The study involved five group focal meetings and the administration of three instruments: Parenting Styles Inventory (IEP) (Gomide, 2006), Family Criminal History Questionnaire (adapted from Gomide, 2015), and Resources of Family Environment Inventory (RAF) (Marturano, 2006). Additionally, a semi-structured interview was conducted for deeper comprehension. The findings of this research indicate that the observed vulnerability factors among the participants play a significant role in their involvement in criminal activities. The family environment, characterized by violence, abuse, and financial difficulties, demonstrated adversity. Similarly, the school emerged as a space where peer violence was prevalent, accompanied by strict norms and ineffective communication between teachers and students. Beyond these considerations, it is relevant to address participants' engagement with alcohol and drugs, which presents itself as a contributing factor to the continuation of their criminal behaviors, impacting not only their physical health but also their mental well-being.In conclusion, the influences of family and school contexts had a significant impact on the life trajectories of incarcerated youth, shaping their engagement in criminal activities. Thus, emphasizing the significance of preventive approaches and social support to mitigate risk factors and facilitate the reintegration of these young individuals into society