Adolescentes e jovens com restrição e ou alergia alimentar : percepções sobre o bullying e o suporte social no ambiente escolar

Abstract

Resumo: O bullying não é apenas uma brincadeira inocente; é uma ação perversa com repercussões sérias, incluindo ansiedade, depressão e dificuldades no aprendizado. A vulnerabilidade pode ser ainda maior para alunos com restrições e ou alergias alimentares, nos quais o diagnóstico submete o indivíduo a uma dieta de exclusão de muitos alimentos e pode impactar significativamente na sua convivência. A literatura internacional mostra que pessoas com estas condições têm relatado serem alvos frequentes de bullying, que é um fenômeno que acontece principalmente em contextos educacionais. No entanto, ainda são incipientes os estudos sobre esta temática no contexto brasileiro. Neste sentido, o estudo tem como objetivo analisar as percepções de adolescentes e jovens, sobre situações de bullying e sobre o suporte social percebido, verificando se há diferenças entre grupos com e sem restrição e ou alergia alimentar. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e qualitativo, não experimental, do tipo descritivo e correlacional. Para alcançar os objetivos deste estudo foram aplicados, de forma online, perguntas fechadas e abertas, que compõem os seguintes instrumentos: Questionário Sociodemográfico, Escala de Suporte Social Percebido e Questionário de Bullying e Cyberbullying. Os participantes deste estudo foram 141 jovens, com idade média de 15 anos (D.P.= 2,84), de todo o território nacional, com e sem restrição e ou alergia alimentar. Os resultados apontaram que cerca de um terço dos participantes já sofreu bullying no ambiente escolar, com ataques que se caracterizaram por ignorar, excluir e xingar, tal resultado está abaixo da média nacional por capitais. Um terço dos participantes tem alguma restrição e ou alergia alimentar, se aproximando de resultados internacionais. Resultados indicam que a restrição e ou alergia alimentar está entre as justificativas para o cometimento do bullying; Pessoas com essa problemática alimentar têm as mesmas chances de sofrer bullying do que as que não tem; A principal fonte de suporte social percebida foi a família; A percepção de suporte social não variou significativamente entre os diferentes perfis de bullying para quem tem a problemática alimentar; Os percentuais apontaram que mulheres, pessoas brancas e da região sul do país são mais propensas a sofrer bullying devido à problemática alimentar. Conclui-se que as restrições e ou alergias alimentares ainda são possivelmente negligenciadas e tratadas como questões secundárias pela maioria das instituições de ensino no Brasil, assim como seus impactos na vida de quem sofre com essa problemática, pois os relatos indicam desconhecimento do problema, falta de empatia e compreensão com as vítimas. Portanto, embora essas condições alimentares específicas possam levar a situações de bullying, como indica a literatura internacional, essa problemática não é tão perceptível no Brasil, nota-se uma certa resistência em reconhecer essa conexão

Abstract: Bullying is not just innocent teasing; it is a malicious action with serious effects, including anxiety, depression and learning difficulties. Vulnerability can be even greater for students with dietary restrictions and/or food allergies, whose diagnosis may subject to a diet that excludes many foods and can significantly impact their social interactions. International literature shows that people with these conditions often report being frequent targets of bullying, which primarily occurs in educational settings. However, studies on this topic within the Brazilian context are still incipient. In this regard, the study aims to analyze the perceptions of adolescents and young people, both with and without dietary restrictions and/or food allergies, regarding the prevalence and motivations behind bullying situations and the perceived social support, checking for group differences and relationships between variables. This is a cross-sectional, quantitative and qualitative, non-experimental, descriptive, and correlational study. To achieve the study's objectives, closed and open questions were applied online, comprising the following instruments: Sociodemographic Questionnaire, Perceived Social Support Scale, and Bullying and Cyberbullying Questionnaire. The participants in this study were 141 young people, with an average age of 15 years (SD = 2.84), from all over the country, with and without dietary restrictions and/or food allergies. The results indicated that about one-third of the participants had experienced bullying in the school environment, with attacks characterized by ignoring, excluding, and name-calling; this result is below the national average for capital cities. One-third of the participants had some form of dietary restriction and/or food allergy, aligning with international results. Results indicate that dietary restrictions and/or food allergies are among the justifications for committing bullying; it also shows that individuals with these dietary issues have the same chances of being bullied as those without it. The primary source of perceived social support was the family and it did not vary significantly between different bullying profiles for those with dietary restrictions and/or food allergies. Furthermore, percentages indicated that women, white people and inhabitants from the southern region of the country are more prone to suffer bullying due to dietary issues. Moreover, it was observed that food restrictions and allergies are still possibly neglected and treated as secondary issues by most educational institutions in Brazil, as are their impacts on the lives of those affected by these problems. Reports indicate a lack of awareness, empathy, and understanding towards the victims. Therefore, although these specific dietary conditions can lead to bullying situations, as indicated by international literature, this issue is not as noticeable in Brazil, as it seems to be some resistance to acknowledging this connection