Resumo: Esta dissertação intitulada "Ensinando a transgredir: um estudo do feminismo surdo e suas contribuições para a educação de surdos" tem como objetivo geral analisar a produção e a organização política de mulheres surdas feministas nas redes sociais e possíveis desdobramentos na Educação, a partir da seguinte problematização: como e sobre quais temáticas está organizada a produção das feministas surdas nas redes sociais e como o feminismo surdo constrói relações com os estudos feministas e a educação de pessoas surdas? A metodologia de pesquisa de abordagem qualitativa compreendeu as seguintes etapas: (a) pesquisa bibliográfica para levantamento de produções acadêmicas no banco de trabalhos da CAPES e no Google Acadêmico, usando os descritores feminismo surdo, surdez, deficiência auditiva, mulher surda, feminismo, educação, redes sociais, compreendendo o período de 2002 até 2022; (b) mapeamento de espaços de organização de mulheres surdas feministas nas redes sociais, analisando mais especificamente o Instagram, onde foram identificadas 10 mulheres surdas feministas ativas nessa rede social. As temáticas mais discutidas nas redes sociais foram: as opressões produzidas pela violência doméstica; desigualdades econômicas e privilégios entre mulheres surdas e ouvintes e entre surdas brancas e surdas negras; a falta de TILS nos serviços públicos como hospitais e delegacias; assédios sofridos pela não garantia dos direitos linguísticos; a invisibilidade da mulher surda nos feminismos. Considerando a abordagem interseccional entre surdez, gênero e raça desta investigação, selecionamos para análise mais detida as postagens de uma feminista negra surda, Gabriela Grigolom, a "Negabi", no período entre 2013 e 2023. A análise permitiu recuperar o processo de transformações (metamorfoses) que marcaram a formação e ativismo político de Negabi com muita proximidade às formulações teóricas e agenda de lutas do feminismo negro. O conteúdo das postagens de Gabriela denuncia os múltiplos sistemas de opressão que recaem sobre mulheres negras surdas, passando pelo ouvintismo, que as colocam numa posição de subalternidade e de falta, sem considerar sua condição de minoria que não tem seus direitos linguísticos garantidos, além da exclusão, preconceito e violência decorrentes do machismo e do racismo estrutural. O trabalho conclui que as publicações no Instagram, além de outros materiais sinalizados em Libras, são uma importante fonte de informação e de conhecimento para as mulheres surdas, que permitem que elas se empoderem, conheçam seus direitos, em especial os linguísticos, saibam onde reivindicá-los, buscando apoio contra opressões e violências, se configurando num espaço de ativismo e de produção de conhecimento do feminismo surdoAbstract: This thesis, entitled "Teaching to Transgress: a study of deaf feminism and its contributions to deaf education" has the general objective of analyzing the production and the political organization of deaf feminist women in social media, and the possible developments in Education, through the following problematization: what are the themes and how are these themes organized in the social media production of deaf feminists? And how does deaf feminism build relations with feminist studies and the education of deaf people? The research methodology of qualitative approach comprised the following steps: (a) bibliography research for the survey of academic productions in the bank of productions of CAPES and Google Scholar, using the descriptors deaf feminism, deafness, hearing impairment, deaf woman, feminism, education, social media, between the years of 2002 and 2022; (b) mapping the organization spaces of deaf feminist women in social media, analyzing Instagram, more specifically, where 10 deaf feminist women were identified as active in this social media. The most discussed themes in social media were: the oppressions produced by domestic violence; economic inequalities and privileges among deaf women and hearing women, and among white women and black women; the lack of TILS in public services such as hospitals and police stations; harrassments suffered by the lack of guarantee of rights; the invisibility of the deaf woman in the feminisms. Considering the intersectional approach between deafness, gender, and race of this investigation, we the post of a deaf black feminist, Gabriela Grigolom, known as "Negabi" for a more detailed analysis. The analysed posts were published between the years of 2013 and 2023. The analysis allowed the recovery of the transformation processes (metamorphosis) which marked the formation and the political activism of Negabi, with a strong closeness to the theoretical formulations and the fight agenda of black feminism. The content of Gabriela’s posts reveals the multiple systems of oppression that happen to deaf black women, for example, audism, which puts deaf women in a subaltern position and a foul position, without considering their minority condition that does guarantee their linguistic rights, besides the exclusion, prejudice, and the violence due to sexism and structural racism. The work concludes that the Instagram posts and other materials signed in LIBRAS are important sources of information and knowledge for deaf women, which allow them to empower themselves, to get to know their rights, especially the linguistic ones, that enables them to know where to claim for their rights, searching for support against oppression and violence, setting in the space of activism and knowledge production of deaf feminism