A multidão em Suor, de Jorge Amado
Resumo
Resumo: Publicado em 1934, Suor, terceiro romance de Jorge Amado, nos coloca diante de um cortiço no meio do Pelourinho, onde moram cerca de 600 personagens que compõem um quadro dos sujeitos historicamente marginalizados. Entre mães solteiras, gringos pobres, prostitutas, gays e operários, vamos conhecendo as histórias de cada um desses indivíduos e os motivos pelos quais vivem de atrito uns com os outros. É bem verdade que em muitos momentos o clima entre eles não é nada amistoso, ocasionando fofocas e brigas, mas também é fato que algumas fagulhas de empatia aparecem ao longo da narrativa, culminando no ato final de revolta contra o sistema de opressão em que vivem. Ao ficarem diante de mais uma injustiça motivada pelo dono do cortiço em que são inquilinos, esses mesmos sujeitos que viviam se bicando, conseguem superar as diferenças e se unem em torno de um bem comum, na tentativa de romper o ciclo de submissão em que se encontram. O romance proletário do escritor baiano apresenta uma premissa que lembra o conceito de multidão do filósofo Spinoza. A multidão nada mais seria do que a capacidade de articulação dos marginalizados em busca de adentrar no centro das tomadas de decisões e terem suas vozes representadas, saindo de uma esfera de exclusão e subordinação. Sendo assim, o que este trabalho se coloca a fazer é analisar o romance de Jorge Amado a partir das contribuições filosóficas do Spinoza e de sua famosa multidão Abstract: Published in 1934, Suor, Jorge Amado's third novel, places us in front of a tenement in the middle of Pelourinho, home to around 600 characters who make up a picture of historically marginalized subjects. Between single mothers, poor gringos, prostitutes, gays and workers, we get to know the stories of each of these individuals and the reasons why they live in friction with each other. It's true that at many moments the atmosphere between them is less than friendly, leading to gossip and fights, but it's also true that some sparks of empathy appear throughout the narrative, culminating in the final act of revolt against the system of oppression in which they live. When faced with yet another injustice motivated by the owner of the tenement where they are tenants, these same people who were always pecking at each other manage to overcome their differences and unite around a common good, in an attempt to break the cycle of submission in which they find themselves. The Bahian writer's proletarian novel presents a premise reminiscent of the philosopher Spinoza's concept of the multitude. The multitude would be nothing more than the ability of the marginalized to articulate themselves in order to enter the center of decision-making and have their voices represented, leaving a sphere of exclusion and subordination. Therefore, this paper sets out to analyze Jorge Amado's novel based on the philosophical contributions of Spinoza and his famous multitude Résumé: Publié en 1934, Suor, le troisième roman de Jorge Amado, nous place devant un immeuble en plein Pelourinho, où vivent quelque 600 personnages qui composent un tableau de personnes historiquement marginalisées. Entre mères célibataires, gringos pauvres, prostituées, gays et ouvriers, nous découvrons l'histoire de chacun de ces individus et les raisons pour lesquelles ils vivent en friction les uns avec les autres. Il est vrai qu'à de nombreux moments, l'atmosphère entre eux est loin d'être amicale, donnant lieu à des commérages et à des bagarres, mais il est également vrai que quelques étincelles d'empathie apparaissent tout au long du récit, culminant dans l'acte final de révolte contre le système d'oppression dans lequel ils vivent. Face à une énième injustice motivée par le propriétaire de l'immeuble dont ils sont locataires, ces mêmes personnes qui s'entre-déchiraient sans cesse parviennent à surmonter leurs différences et à s'unir autour d'un bien commun pour tenter de briser le cycle de soumission dans lequel ils se trouvent. Le roman prolétarien de l'écrivain bahianais présente une prémisse qui rappelle le concept de multitude du philosophe Spinoza. La multitude ne serait rien d'autre que la capacité des marginaux à s'exprimer pour entrer dans le centre de décision et faire entendre leur voix, en sortant d'une sphère d'exclusion et de subordination. L'objectif de ce travail est donc d'analyser le roman de Jorge Amado à partir des contributions philosophiques de Spinoza et de sa célèbre multitude
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