A QUÍMICA DA CULTURA INDÍGENA NO ENSINO MÉDIO: UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA
Resumo
O estudo da cultura indígena abrange diversas áreas de ensino, a química, que por sua vez, está diretamente relacionada. Desta forma compreende-se que a esta cultura deve ser estudada em todas as componentes curriculares da educação, pois está na história do Brasil, na geografia, química, biologia, sociologia, em diversas áreas do conhecimento e deve-se fazer uso destes meios. Como referido na ( LEI Nº 11.645, Art. 26-A, 2008) “Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.”Visando complementar o ensino de química com a realidade estudada buscou-se ampliar o conhecimento do aluno sobre a temática estudada através de conceitos como ligações químicas, estruturas moleculares e isomeria conectando com as principais tintas e cores naturais utilizadas no cotidiano dos nativos.O presente trabalho foi aplicado em uma escola da rede pública de Bagé em turmas de 2º e 3º ano de ensino médio, sendo produzido de dezembro de 2018 à abril de 2019,, dividindo-se em 3 etapas: o primeiro momento um estudo do tema a ser abordado, posteriormente a produção da oficina e finalizando a aplicação da mesma. Durante a palestra inicial os alunos foram levantados questionamento como “ O que a química tem a ver com a cultura indígena?” e “De que são feitas as tintas utilizadas pelos povos indígenas?”, buscando analisar quais conhecimentos prévios estes continham. Na primeira questão observou-se a grande deficiência em refletir sobre o assunto proposto. Porém, após um breve instante os alunos conectaram a medicamentos, alimentação e tintas. A ausência destas ideias advém do contexto histórico ao qual estão inseridos, pois historiógrafos da química silenciam-se sobre as contribuições realizadas pelos mesmos devido a questões ideológicas, políticas e financeiras,como afirma Soentgena e Hilbert (pg 8, 2016) “A historiografia, além de sua função ideológica, está a serviço de um determinado grupo de pessoas que a influenciam ou a constroem. Ela justifica uma situação de domínio existente, e isto não se aplica só à história política, mas também à historiografia das ciências. Por isso, uma história eurocêntrica da química utiliza-se das invenções indígenas sem preocupar-se em estabelecer qualquer tipo de contrapartida financeira ou reconhecimento intelectual.” Desta forma, torna-se evidente que até mesmo a história contribuiu para que a sociedade não legitime os saberes construídos pela cultura indígena, isto provém do fato da história apropriar os conhecimentos científicos dos indígenas aos homens brancos, ou seja, estrangeiros favorecidos economicamente, como se os mesmos fossem detentores de todo e qualquer conhecimento científico e intelectual gerado pelos povos nativos. Já na segunda pergunta, do que são feitas as tintas utilizadas pelos povos indígenas nenhuma resposta foi obtida, pois todos entraram em consenso de que realmente não obtinham nenhum conhecimento prévio sobre o questionamento referido. Através da prática realizada procurou-se construir um link entre os conhecimentos culturais e químicos, o que foi evidenciados durante a produção das tintas e desenhos elaborados pelos alunos.