METODOLOGIAS ATIVAS: O PROTAGONISMO ESTUDANTIL COMO REFERÊNCIA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA DA UNIVILLE
Resumo
Este artigo apresenta encaminhamentos adotados no programa de residência pedagógica na Univille, tendo as metodologias ativas como temáticas de estudo e construção de práticas na docência. O RP da Univille, iniciado em agosto de 2018, envolve 48 alunos dos cursos de Artes Visuais, Ciências Biológicas, Educação Física, História e Letras, organizados em dois projetos multidisciplinares e operacionalizados em cinco escolas, da rede pública de ensino de Joinville-SC. Os oitos preceptores (incluindo 2 voluntários) atuam em turmas diurnas de fundamental 2 e ensino médio. Nas reuniões semanais de estudo e planejamento foram surgindo relatos e descontentamentos frente ao que era, ainda, o encaminhamento de muitas aulas e disciplinas dos campos observados. Percebia-se, nestes campos, que os estudantes, imersos em uma sociedade digital e líquida, como referencia Bauman ( 2001), esperavam e almejavam de seus professores habilidades e competências didáticas e metodológicas para as quais não estavam totalmente familiarizados. A liquidez de Bauman (2001) destaca que as instituições, as ideias e as relações estabelecidas entre as pessoas se transformam de maneira muito rápida e imprevisível. A formação de professores vem exigindo de seus acadêmicos, futuros professores, essa dinamicidade e o (re)conhecimento de novos papeis, utilização de novas estratégias, que avancem para além dos conteúdos conceituais, e envolvam conteúdos relacionados a processos, posturas e atitudes no planejamento. A aceleração do mundo atual e a transitoriedade das informações vem desafiando novos olhares para o sujeito que ensina e que aprende, sem desconsiderar a diversidades e multiplicidades de elementos envolvidos no processo. Competências como pensamento científico, criatividade, criticidade, autoconhecimento e empatia são os novos fios condutores das experiências de aprendizagem. A concepção de aprendizagem das metodologias ativas, adotada pelo RP da Univille, considera a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento e resolução de proposições. Esta forma de protagonismo valoriza diferentes formas de envolvimento e autonomia nas ações. Buscou-se, para isso, superar a visão reducionista, de conjuntos de estratégias ou sequências didáticas em que as metodologias vinham sendo vistas e desenvolvidas nas escolas-campo. Nas proposições dos acadêmicos, durante as atividades de docência, buscou-se, juntamente com os preceptores, construir a percepção e postura de mediador, substituindo a centralidade do processo para a parceria do processo. A prioridade estava em compreender que a centralidade é do estudante e das formas como este vai criando relações com os pares e os objetos de conhecimento. Estudos de Araujo (2009), Bauman (2001), Berbel (1995, 2017), Demo (2000, 2004); Morales (2015), Morin (2001), dentre outros, foram norteando as discussões e ressaltando as superações e continuidades da prática pedagógica. A condução feita no ano de 2019 serviu para consolidar, nos envolvidos no RP da Univille, a relação não mais verticalizada e estática da interação entre professor e aluno, mas o reconhecimento de uma base dialógica de confiança mútua, apoio, liberdade e aprendizado. Os modismos costumeiramente apresentados para a implantação de metodologias ativas, cedeu lugar às questões relativas à formação de professores e às mudanças necessárias para a implantação dessas abordagens pedagógicas na educação básica.