EROTIZAÇÃO DOS CORPOS NO AMBIENTE ESCOLAR
Data
2019-10-07Autor
Wagner Castanheira
Eumar Kohler
Rogerio Silva
Maria Costa
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A partir de uma situação problema de ordem de gênero e sexualidade no ambiente escolar, foi possível observarmos conflitos que marcam os abismos entre as crenças e valores na convivência coletiva. O choque cultural das crenças, denota os valores familiares submetidos às normas religiosas em contraste à liberdade individual. Tais valores colidem com os trabalhados na escola em relação à convivência coletiva, bem como aos emergem na mídia. O diálogo familiar, assim como dos educadores/as é fundamental no processo de construção da identidade para que meninos e meninas configurem uma imagem positiva de si e se compreendam como sujeito de suas próprias ações. O caso observado é marcado por uma cena de vazamento de imagens íntimas demonstrando os limites da educação familiar e escolar. Diante dessa situação, a escola promoveu debates sobre cyberbullying com uma perita criminal, dialogou com os pais no sentido de fortalecer a rede de proteção às adolescentes e apoiou os professores com reuniões sobre as ações coletivas, visando tratar o problema. Muitas vezes, adolescentes, na ânsia de expor seus feitos, hábitos ou atividades expõem, sem noção dos efeitos, os seus corpos, ações que tornam o menor, uma presa fácil de publicitários oportunistas, cyberbullying ou até mesmo de pedófilos. Sendo assim, tendo presente a emergência da situação, nomeadamente a erotização dos corpos em uma escola municipal da cidade de Curitiba – PR, os/as bolsistas do PIBID/UFPR/Educação Física debruçaram-se à discussão de temas afins, já que este fenômeno interfere na participação e identificação das meninas nas aulas como problema educacional. Embora hoje, meninas/mulheres e meninos/homens se preocupem com a aparência, é sobre as meninas que pesa maiores cobranças para se manterem dentro dos padrões de beleza vigentes. Cobranças que são oriundas de infinitas instâncias culturais e sociais, que têm o poder de produzir, demarcar, regular e diferenciar os corpos. Neste sentido, a erotização dos corpos é amplamente veiculada através de TV, cinema, música, jornais, revistas, propagandas, outdoors e, mais recentemente, com o uso da internet, tem sido possível vivenciar novas modalidades de exploração dos corpos e da sexualidade. Tal processo tem produzido efeitos significativos na construção das identidades de gênero e sexuais das crianças em suas vivências infantis, especialmente em relação às meninas que historicamente têm sido mais afetadas. Sendo elas mais suscetíveis aos apelos da publicidade ao público feminino adulto, incorporam também uma necessidade de aprovação social que lhes gera certo conflito na infância contemporânea. Concomitante, a representação de pureza e ingenuidade, suscitada pelas imagens infantis veiculadas na mídia, tem sido substituída por outras sensualizadas, principalmente em relação às meninas. Na convivência com os meninos e meninas na escola observamos que estes/as estão confusos na ambivalência de uma construção de uma imagem positiva de si, e reconhecimento social na relação com os/as demais colegas, pois estes/as buscam aceitação dos pares. Neste caso a experiência no/do PIBID possibilitou a problematização da erotização precoce no âmbito escolar, corroborando à formação docente.