SIGNIFICADOS DE “AULA LIVRE” E AULAS ABERTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Abstract

A experiência vivida no PIBID/UFPR/Educação Física me levou a questionar a diferença entre “aula-livre” e a concepção de aulas abertas nas escolas nas quais me envolvi no município de Curitiba - PR. Partindo da ideia de que uma aula requer aprendizagem e desenvolvimentos dos alunos, planejamento a médio e longo prazo, intencionalidade pedagógica, mediação docente, reorganização das atividades de acordo com os acontecimentos, aspectos estes que são relevantes no trabalho docente. Nas aulas de Educação Física os professores seguem diretrizes com conteúdos específicos de cada eixo da disciplina durante o ano letivo com objetivos a serem alcançados vinculados ao Projeto Pedagógico da escola. Porém, ainda encontramos alguns professores de Educação Física insistindo em ministrar as famosas “aulas livres”, onde os estudantes ficam apenas soltos pelo pátio da escola com uma bola ou usando celulares e conversando livremente durante esse momento que deveriam estar em formação e o professor exercendo a função docente. A crítica acerca da aula livre já pendura por alguns anos, a Educação Física aos poucos foi se tornando a disciplina do “Vôlei” para as meninas e “Futebol” os meninos. Para refletir sobre essa situação é fundamental compreender que a Educação Física passou de atividade para o estatuto de disciplina escolar somente com a aprovação da LDB/96, ou seja, uma disciplina obrigatória no currículo escolar. Outro aspecto fundamental é o currículo de formação do professor de Educação Física alicerçado na racionalidade técnica que reduz o ensino a técnicas de movimentos esquecendo-se do caráter pedagógico do ensino, a dicotomia teoria e prática que interfere no entendimento da função docente e impede a compreensão da importância dos saberes na reconstrução da prática pedagógica, entre outros. A diferença entre “aula livre” e aulas abertas é que o processo de aprendizagem no ensino de aulas abertas privilegia situações pedagógicas onde o aluno deve aprender pela prática a dirigir suas próprias ações, agir autonomamente, decidir em conjunto e sozinho, aprender a agir de maneira cooperativa, criativa e comunicativa. Nessa proposta o aluno participa do planejamento, com sugestões, ideias e tornada de decisões na solução das tarefas e problemas apresentados, o professor é um mediador do processo de aprendizagem, propõe situações que possibilitem aos alunos o pensar sobre suas ações, além de agir refletindo no porquê fazer de maneira inteligente e criativa, sem perder de vista objetivos e conteúdos. O objetivo é que os alunos se conscientizem do que fazem na escola, colocando objetivos para si e organizando sua própria aprendizagem. O decidir-se sozinho por alguma coisa requer processos de discussão e reflexão, sendo parte fundamental deste processo. Aprofundar o entendimento dessa concepção é fundamental no processo de formação de professores para compreender o comprometimento do trabalho do professor na formação dos alunos.