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dc.contributor.authorTúlio Silveira
dc.contributor.authorYasmim Furtado
dc.contributor.authorHeloise Vidor
dc.date.accessioned2024-10-29T02:05:33Z
dc.date.available2024-10-29T02:05:33Z
dc.date.issued2019-10-05
dc.identifier.urihttps://hdl.handle.net/1884/90963
dc.description.abstractPibid e Residência Pedagógica: Práticas como componente Curricular e EstágioO DIÁLOGO ENTRE A LITERATURA E O TEATRO: PROPULSORES DO FAZER ARTÍSTICOTúlio Fernandes¹, Yasmim Furtado², Heloise Baurich Vidor³1. Estudante da Faculdade de Licenciatura em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)2. Estudante da Faculdade de Licenciatura em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)3. Professora da UDESC – Departamento de Artes Cênicas/OrientadoraResumoNeste texto procuramos descrever e teorizar o processo em que trabalhamos juntos à turma do Terceiro Ano I do EEB Simão José Hess em Florianópolis/SC com Teatro nas aulas curriculares de Artes da escola por meio do PIBID. Nosso processo procurou pôr em diálogo a Literatura Brasileira com o Teatro, utilizando parte do livro “Capitães da Areia” de Jorge Amado como propulsor do nosso fazer artístico e pedagógico. Os objetivos do nosso processo eram estimular a relação de grupo, a consciência corporal, a aproximação com a literatura, e principalmente, a utilização do texto de Jorge Amado como base para desencadear um processo artístico com os alunos, a partir de improvisações teatrais, que gerasse discussões e questões com a turma sobre o texto e a partir do texto. Pudemos, então, discutir a presença dos corpos na cena e, utilizando a teatralidade, criamos uma cena de Tribunal com os alunos com algumas das personagens envolvidas na trama e outras criadas por eles mesmos. Palavras-chave: Teatro na Escola, Artes, Capitães da Areia.IntroduçãoNosso processo do PIBID na EEB Simão José Hess começou no mês de agosto de 2018 com a turma do Terceiro Ano I do ensino médio, turma da professora coordenadora Myrelle Gonçalves. Nossa proposta de projeto intitulado “O Diálogo entre a Literatura e o Teatro: Propulsores do fazer artístico” tinha o livro Capitães da Areia de Jorge Amado como base, para assim fazermos improvisações teatrais que o problematizassem e que gerasse discussões e questões com a turma. Nossa intenção não era só ministrar aulas, mas sim fazer teatro com eles, a fim de escutá-los como exercício pedagógico. Também pretendíamos sensibilizá-los à literatura e a outras práticas artísticas, tornando as aulas experiências de trocas e aprendizagens. Tendo em vista que este processo iria nos apresentar ao campo pedagógico, uma vez que ambos os professores estavam apenas na segunda fase da graduação de Licenciatura em Teatro da UDESC, como justificativa do projeto vimos a importância do teatro para trabalhar o lúdico, o despertar dos estudantes ao ímpeto da coletividade, e o estímulo a uma relação extra-cotidiana, a partir de jogos teatrais, improvisações e criação de cenas com o texto literário escolhido. Escolhemos trabalhar com a obra de Jorge Amado tendo em vista que ela estava incluída na lista das leituras obrigatórias dos principais vestibulares de Santa Catarina, e o fato de eles estarem no Terceiro Ano do Ensino Médio e de que muitos fariam vestibular no final daquele ano. Não só pelo vestibular, também víamos a oportunidade de incentivar a literatura como forma de impulso ao fazer artístico.MetodologiaAs aulas aconteciam todas as sextas-feiras das 7h30min às 9h com a turma do Terceiro Ano I do EEB Simão José Hess em Florianópolis, formada por 25 alunos sendo que destes em média 15 alunos participavam ativamente das aulas. Nossas aulas eram divididas em momentos, começávamos sempre colocando uma música na caixa de som para a organização do ambiente da sala de trabalho (sala de vídeo da escola); depois uma música de aquecimento era ensinada pelos professores e cantada com toda a turma; posteriormente para trabalhar a interação com o grupo, apostávamos em jogos teatrais, muitos deles sendo dos fichários de Viola Spolin e outros que foram apresentados em diversas disciplinas da graduação; e no último momento trabalhávamos com o texto literário junto a cena. Possuindo potencial dramático grande escolhemos trabalhar somente com as cartas e o texto de introdução da obra de Jorge Amado. No primeiro momento com o texto, dividimos os alunos em grupos e demos um trecho para cada grupo, propondo então, que criassem tableaux, cenas congeladas que não utilizam a fala. A partir disso pudemos debater a problematização dos corpos em cena, aprofundando a política dos corpos e a ampla possibilidade de leitura quando colocados em cena.No decorrer das aulas, propusemos que os alunos se dividissem em duplas, um sendo o jornalista curioso que após ler as cartas dos personagens estava interessado em escrever uma matéria sobre os acontecimentos e o outro sendo um personagem do universo do livro de Jorge Amado (Juiz de Menores, Padre, Mãe, Chefe de Polícia, Diretor do Reformatório) que cederia a entrevista. Percebendo a dicotomia entre os lados (defensores e denunciadores do reformatório), os professores decidiram fazer um júri. Na última aula do semestre, os alunos trouxeram seus argumentos e provas para o julgamento dividindo-se em júri, advogado de defesa, advogado de acusação, testemunhas, e nós professores incorporamos as figuras do juiz e da juíza, criando então a cena do tribunal.Resultados e Discussões“O primeiro passo para jogar é sentir liberdade pessoal. Antes de jogar, devemos estar livres. É necessário ser parte do mundo que nos circunda e torná-lo real, tocando, vendo, sentindo o seu sabor e o seu aroma.” (SPOLIN, 2006, p. 07).Nosso primeiro impasse com o projeto começou antes mesmo de introduzir o livro a eles, quando vimos que não teríamos tempo hábil, devido aos feriados e imprevistos alheios a nós, de trabalhar com a obra completa. Por isso, escolhemos trabalhar somente com as cartas de introdução da obra, que relata um dos assaltos realizados pelos chamados capitães da areia o que justificaria a existência das cartas a posteriori. Dividimos os alunos em grupos e demos um trecho para cada grupo deste relato e propusemos, então, que criassem tableaux (cenas congeladas). Escolhemos esta forma teatral para deixar a participação mais orgânica entendendo que cenas com falas exigem uma certa exposição que achávamos que eles ainda não estavam dispostos a passar. Uma vez que estes tableaux foram apresentados, nós professores nos vimos provocados pelos alunos a trazer uma problematização dos corpos em cena, seja de gênero e/ou raça, porque, apesar de o conteúdo das cartas não trazer especificamente esses temas como pauta, eles surgiram na hora da discussão e nós decidimos abordá-lo na maneira que conduzimos o exercício. A condução deu certo e as discussões chegavam a tomar mais tempo de aula do que era esperado. Aqueles jovens de 17/18 anos tinham muitas coisas a dizer, se havia problemática de gênero e/ou raça eles comentavam e propunham mudanças, eles estavam se soltando e já estavam se sentindo pertencentes àquele espaço, eles estavam se permitindo experimentar. “Experienciar é penetrar no ambiente, é envolver-se total e organicamente com ele. Isto significa envolvimento em todos os níveis: intelectual, físico e intuitivo.” (SPOLIN, 2006, p. 03).Encerramos nosso processo em um episódio muito marcante. Ao criarmos um ambiente de tribunal e torná-los advogados e júris, uma atmosfera mágica se formou. Os alunos estavam tão imersos no momento presente que diversos elementos teatrais surgiram organicamente sem que nós, os professores, tivéssemos que propor; elementos como as provas não pré-produzidas e que surgiram pela improvisação dos alunos, como por exemplo: fotos, que foram passadas de mão em mão entre os alunos; áudios com sons feitos pelos próprios alunos e personagens inventados no aqui e agora, como o detetive. Puro teatro.ConclusõesTrabalhamos com um fragmento da obra de Jorge Amado, entendemos que isto é trabalhar com a Literatura na aula de Teatro. Utilizar fragmentos, temas, lugares, personagens e outras características do texto como estímulo para a criação do nosso próprio universo a partir da literatura, ampliando e transformando-a para além das palavras escritas. Por isso, acreditamos que pedagogicamente crescemos, tudo fluiu naturalmente, a turma respondia aos nossos estímulos e nós aos deles. Vimos por outra ótica o poder e força que as aulas de Teatro tem, evoluímos juntos dos nossos alunos e criamos com eles uma história.Chegando no final do semestre refletimos sobre tudo que tínhamos vivido com esta turma, das dificuldades em não conseguir nos relacionar direito inicialmente com eles até o momento em que vimos que elementos teatrais já estavam presentes no cotidiano dos nossos alunos. Nossas frustrações e medos viraram os degraus da nossa escada para que enxergássemos aquilo que não estávamos vendo com facilidade, não só o fato de por hora subestimarmos as capacidades dos estudantes de jogar, no aqui e agora, de maneira cênica, mas também a potência que a volatilidade do ser professor nos impõe, como estar passível de erros, frustrações, imparcialidades e surpresas. Referências BibliográficasAMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das letras, 2009.BARRETO, Cristiane. A Travessia do Narrativo para o Dramático no Contexto Educacional. Jundiaí, Paco Editorial: 2015.SAMPAIO, Amanda. E se nós decidirmos juntos?: uma proposta de criação teatral compartilhada dentro da educação formal. 2018.SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. 5.ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.SPOLIN, Viola. Jogos teatrais: o fichário de Viola Spolin. São Paulo: Perspectiva, 2011.VIDOR, Heloise Baurich. Leitura e teatro: aproximação e apropriação do texto literário. São Paulo: Hucitec; Florianópolis, SC: Fapesc, 2016.
dc.format.mimetypeapplication/pdf
dc.relation.ispartofIII Encontro das Licenciaturas da Região Sul
dc.subjectTeatro na Escola
dc.subjectArtes
dc.subjectCapitães da Areia
dc.titleO Diálogo entre a Literatura e o Teatro: Propulsores do fazer artístico
dc.typeArtigo
dc.identifier.ocs1620


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