Movidas por paixões, educadas para o lar : o perfil de mulher na revista carioca Futuro das Moças (1917-1918)
Resumo
Resumo: Esta dissertação foi realizada com o objetivo de compreender como, a partir da coluna As Paixões e os Sentimentos na Mulher elaborada por Salomão Cruz com trechos do livro La femme: physiologie, histoire, morale (1843) de Paul Belouino, a revista carioca Futuro das Moças, publicada entre abril de 1917 e fevereiro de 1918, fez circular uma representação de mulher emocionalmente frágil, instável e facilmente dominada por paixões devido às características de seu sistema nervoso. Permeando os textos da revista, essas noções do século XIX eram assim reafirmadas no tempo da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que impulsionava a ampliação e diversificação da atuação feminina na sociedade, algo visto como inadequado por parcelas da população do Brasil. Os escritos publicados na Futuro das Moças não condenavam explicitamente o trabalho da mulher fora do espaço doméstico, mas demarcavam os limites de suas ações a partir da "natureza feminina" procurando educar a conduta das leitoras; nesse sentido, a revista condenou o voto feminino e o divórcio, tanto quanto a dedicação exagerada de jovens e senhoras às festas ou ações caritativas, e valorizou a função de professora e as atividades relacionadas ao cuidado, principalmente de crianças ou doentes. O estudo apresentado foi balizado pelos conceitos de circulação e representação de Roger Chartier, e seu corpus documental foi formado pelos dois volumes da coleção Futuro das Moças disponíveis na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP, foram também utilizados exemplares de jornais e outras revistas do mesmo período; Considerações do livro A mulher é uma degenerada de Maria Lacerda de Moura; e da obra de Belouino (edição de 1853); artigos do Código Penal (1890) e Código Civil (1916) brasileiros, e verbetes dicionários (1789 e 1913). Abstract: The aim of this dissertation was to understand how the Rio de Janeiro magazine Futuro das Moças, published between April 1917 and February 1918, through the column "As Paixões e os Sentimentos na Mulher" by Salomão Cruz, with excerpts from the book "La femme: physiologie, histoire, morale" (1843) by Paul Belouino, disseminated a representation of women as emotionally fragile, unstable and easily dominated by passions due to the characteristics of their nervous system. These nineteenth-century notions, which permeated the magazine's texts, were thus reaffirmed during the First World War (1914-1918), which promoted the expansion and diversification of women's roles in society, something that was considered inappropriate by parts of the Brazilian population. The writings published in Futuro das Moças did not explicitly condemn women's work outside the domestic sphere, but defined the limits of their actions on the basis of "feminine nature" and sought to educate the behavior of its readers; in this sense, the magazine condemned women's suffrage and divorce, as well as the excessive dedication of young women and ladies to parties or charitable activities, and valued the role of the teacher and activities related to care, especially of children or the sick. The study presented was based on Roger Chartier's concepts of circulation and representation, and its documental corpus was consisted of the two volumes of the Futuro das Moças collection available at the Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin at the University of São Paulo (USP), copies of newspapers and other magazines from the same period were also used; Reflections from the book A mulher é uma degenerada by Maria Lacerda de Moura; and from Belouino's work (1853 edition); articles from the Brazilian Penal Code (1890) and Civil Code (1916), and entries from dictionaries (1789 and 1913).
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