Encontros insólitos : o feminino, o estranho e a subversão na escrita de Silvina Ocampo

Abstract

Resumo: As representações do feminino vêm sendo amplamente discutidas pelos estudos literários e pela psicanálise desde o início da sistematização das pesquisas dos dois campos, por volta dos séculos XVIII e XIX, respectivamente. A escrita produzida por mulheres e sobre elas é um tema de investigação comum a esses dois campos, que ganha um ponto de intersecção na teoria literária feminista. A proposta deste trabalho é investigar a obra da escritora argentina Silvina Ocampo, dando ênfase às representações do feminino e sua relação subversiva com a escrita e com o estranho (unheimlich) no ambiente insólito em que se desenvolve a ficção da autora. As elaborações sobre o feminino e a escrita que fundamentam a discussão teórica partem da psicanálise – dos estudos de Freud, Lacan, Cixous e Felman principalmente – e da teoria literária feminista. Silvina Ocampo (1903-1993) publicou uma vasta obra, que atravessa o séc. XX e que inclui prosa, poesia, peças para o teatro e literatura infantil. Considerada hoje uma das principais representantes da história da literatura argentina, Ocampo foi contemporânea dos autores do chamado boom latino-americano, mas o reconhecimento da crítica, do mercado editorial, e consequentemente, do público veio muito mais tarde para ela. Escritora cujo estilo habita fronteiras, transita entre os gêneros fantástico, gótico e nonsense. Suas personagens femininas costumam ocupar papéis aparentemente inocentes e integrados ao cotidiano, mas quando olhadas mais de perto são retratadas como mulheres que rompem com os estereótipos da feminilidade, cujas ações subvertem e acusam os aspectos opressivos existente nas relações, a partir do estranho que se revela nelas. Silvina Ocampo produz uma literatura crítica, subversiva e por vezes, feminista. Para colocar esses aspectos da obra em discussão foram selecionados quatro textos da autora que se enquadram na proposta de pesquisa por retratarem experiências femininas e conterem o elemento escrita na diegese do enredo. O primeiro conto é parte do livro A fúria e outros contos (1959): "A Continuação"; dois contos são parte do livro As convidadas (1962): "O diário de Porfiria Bernal" e "Carta debaixo da cama"; o último, "Cartas confidenciales", é parte do livro Los dias de la noche (1970), ainda sem tradução para o português.

Abstract: The representations of the feminine have been widely discussed by literary studies and psychoanalysis since the beginning of the research in both fields, around the 18th and 19th centuries, respectively. The writing produced by women and about them is a common theme in these two fields, which intersect in feminist literary theory. The proposal of this work is to investigate the work of the argentine writer Silvina Ocampo, emphasizing the representations of the feminine and its relationship with writing and the uncanny (unheimlich) in the unusual environment in which the author's fiction develops. The constructions on the feminine and writing that underpin the theoretical discussion stem from psychoanalysis – mainly from the studies of Freud, Lacan, Cixous, and Felman – and feminist literary theory. Silvina Ocampo (1903-1993) published a vast body of work spanning the 20th century, including prose, poetry, plays for theater, and children's literature. Considered today as one of the main representatives of argentine’s story literature, Ocampo was a contemporary of the authors of the named Latin American boom, but recognition from critics, the publishing market, and consequently the public came much later for her. A writer whose style inhabits borders, she transitions between the fantastic, gothic, and uncanny genres. Her female characters often occupy apparently innocent roles integrated into everyday life, but when looked at more closely, they are portrayed as women who break with femininity stereotypes, whose actions subvert and accuse the oppressive aspects existing in relationships, from the strangeness that reveals itself in them. Silvina Ocampo produces critical, subversive, and sometimes feminist literature. To discuss these aspects of her work, four texts that fit the proposal of this research were selected by portraying female experiences and containing the element of writing in the story's diegesis. One text is part of the book The fury and other short stories (1959): "The continuation". Two other texts are part of the book The guests (1962): "Porfiria Bernal's Diary" and "Letter under the bed" and the last one, "Confidential letters", is part of the book The days of the night (1970) still untranslated into Portuguese.

RESUMEN: Las representaciones sobre lo femenino han sido ampliamente discutidas por los estudios literarios y por el psicoanálisis desde el inicio de la sistematización que ambos campos han realizado en relación a sus investigaciones, alrededor de los siglos XVIII y XIX, respectivamente. La escritura producida por mujeres y sobre ellas es un tema de investigación común en estos dos campos, que encuentra un punto de intersección en la teoría literaria feminista. La propuesta de este trabajo es investigar la obra de la escritora argentina Silvina Ocampo, poniendo énfasis en las representaciones sobre lo femenino, en su relación subversiva con la escritura y con lo extraño (unheimlich) considerando el ambiente insólito en el que se desarrolla la ficción de la autora. Las reflexiones que fundamentan la discusión teórica sobre lo femenino y la escritura se realizaron a partir del psicoanálisis, en particular desde los estudios de Freud, Lacan, Cixous y Felman, así como también desde la teoría literaria feminista. Silvina Ocampo (1903-1993) publicó una extensa obra que abarca el siglo XX e incluye prosa, poesía, obras de teatro y literatura infantil. Considerada hoy una de las principales representantes de la historia de la literatura argentina, Ocampo fue contemporánea de los autores del llamado boom latinoamericano, pero el reconocimiento de la crítica, del mercado editorial y, consecuentemente, del público, llegó mucho más tarde para ella. Una escritora cuyo estilo habita fronteras, transitando entre los géneros fantástico, gótico y nonsense. Sus personajes femeninos suelen ocupar roles aparentemente inocentes e integrados a lo cotidiano, pero al observarlos más de cerca son retratados como mujeres que rompen con los estereotipos de la feminidad, cuyas acciones subvierten y señalan los aspectos opresivos existentes en las relaciones, a partir de lo extraño que se revela en ellas. Silvina Ocampo produce una literatura crítica, subversiva y, en ocasiones, feminista. Para discutir estos aspectos de su obra, se han seleccionado cuatro textos de la autora que se ajustan a la propuesta de investigación por retratar experiencias femeninas y contener el elemento de la escritura en la diégesis de la trama. El primer cuento es parte del libro La furia y otros cuentos (1959): "La Continuación"; dos cuentos son parte del libro Las convidadas (1962): "El diario de Porfiria Bernal" y "Carta debajo de la cama"; el último, "Cartas confidenciales", es parte del libro Los días de la noche (1970), aún sin una traducción al portugués.