Cartografias das políticas de enfrentamento e acolhimento das vítimas de violências de gênero nas universidades públicas brasileiras
Resumo
Resumo: A partir dos debates trazidos pelas movimentações feministas, as violências de gênero deixaram de ser uma questão da esfera privada e adentraram o debate público. Deste modo, a pesquisa parte do entendimento de que assim como em outros espaços da sociedade, as violências de gênero também ocorrem dentro das universidades, não se restringindo ao ambiente doméstico e tão pouco a um corpo específico que se resume na ideia de "mulher universal". Tais violências podem acontecer com qualquer membra ou membro da comunidade universitária, sendo de suma importância que as instituições tomem para si os enfrentamentos em relação aos seus efeitos nas vidas dessas pessoas. Assim, o objetivo geral da pesquisa foi compreender como o conceito de violências de gênero é entendido pelas/os profissionais que atuam no enfrentamento das violências de gênero nas universidades públicas brasileiras e de que forma esse entendimento interfere no desdobramento institucional dos casos. Os dados foram coletados a partir de entrevistas com as/os profissionais envolvidas/os em alguma medida com o enfrentamento das violências de gênero dentro das universidades, além de casos midiatizados. A pesquisa se desenvolveu de forma qualitativa, utilizando-se do método da cartografia visando uma reterritorialização do conceito de violências de gênero nas universidades. As entrevistas foram analisadas na íntegra, em diálogo com as teorizações foucaultianas e com os estudos feministas e de gênero. Os resultados da pesquisa indicaram que o conceito de violências de gênero é entendido comumente como violência contra as mulheres e em espaços domésticos e que as significações sobre o conceito dificultam o enfrentamento destas violências em corpos distintos e em outros espaços. Além de demonstrarem a existência de uma lacuna significativa de políticas que atuem em relação às violências de gênero nas universidades públicas brasileiras. Abstract: From the debates brought about by feminist movements, gender violence ceased to be a matter of the private sphere and entered the public debate. In this way, the research starts from the understanding that, as in other spaces of society, gender violence also occurs within universities, not being restricted to the domestic environment and not to a specific body that is summarized in the idea of universal woman. Such violence can happen to any member of the university community, and it is of paramount importance that institutions take responsibility for dealing with its effects on these people's lives. Thus, the general objective of the research was to understand how the concept of gender violence is understood by professionals who work in the fight against gender violence in Brazilian public universities and how this understanding interferes with the institutional unfolding of cases. Data were collected from interviews with professionals involved to some extent with dealing with gender violence within universities, in addition to mediatized cases. The research was developed in a qualitative way, using the cartography method aiming at a reterritorialization of the concept of gender violence in universities. The interviews were analyzed in full, in dialogue with Foucault's theories and with feminist and gender studies. The research results indicated that the concept of gender violence is commonly understood as violence against women and in domestic spaces and that the meanings about the concept make it difficult to face this violence in different bodies and in other spaces. In addition to demonstrating the existence of a significant gap in policies that act in relation to gender violence in Brazilian public universities.
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