Justiça restaurativa, cidadania e diálogo
Visualizar/ Abrir
Data
2023Autor
Filgueira, Elissandra Barbosa Fernandes
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: No Estado Democrático de Direito, o respeito à cidadania surge como elemento indispensável a existência do ser humano como sujeito de direitos essenciais e fundamentais. A concepção de cidadania é bem mais ampla do que o mero exercício dos diretos políticos, estando ligada diretamente ao gozo pleno dos direitos fundamentais, atuando o cidadão no espaço público, protegido contra às arbitrariedades estatais, além da promoção social, não somente para o seu desenvolvimento individual, mas também como membro ativo da sociedade. Em uma democracia, a participação deve surgir, não apenas no campo político com relação ao exercício do voto nas eleições, ou ainda em patamares e esferas mais elevadas, bem como em diversos setores da vida pública, como é o caso de uma participação mais efetiva no Poder Judiciário, na busca de soluções para as mais diversas lides. De todos os grandes males trazidos pelo capitalismo globalizado, destaca-se o aumento da exclusão social, em situação antagônica ao verdadeiro modelo democrático, com a consequência direta do aumento da criminalidade. E é nesse ambiente que se desenvolve o sistema penal atual, com a ampliação da pena de prisão, como forma de conter os altos índices de criminalidade e como única alternativa para conter a violência. Devido ao atual modelo de sistema penal não atender aos reclamos das partes interessadas, gerando um descrédito na Justiça de um modo geral, surge a Justiça Restaurativa como uma alternativa para solucionar tais problemas. Apresenta-se a Justiça Restaurativa como um novo modelo de Justiça Penal, mais flexível e humanizado, visando, além da aplicação da pena imposta pelo Estado, superar uma situação de conflito, na busca por resultados positivos no combate e redução da criminalidade, na satisfação da vítima, na reintegração social do criminoso e na mudança da cultura de violência, permitindo a participação ativa dos interessados na lide por meio do diálogo, compatível com as diretrizes do Estado Democrático de Direito, enquanto verdadeiro exercício da cidadania. Desse modo, a Justiça Restaurativa passa a ser um instrumento de exercício da cidadania por meio da participação, no qual, por meio do estímulo à cultura do diálogo entre as partes envolvidas nas mais diversas lides judiciais, deverá ser utilizada como mecanismo de concretização das diretrizes da democracia brasileira, na construção de um processo mais humanizado, participativo, inclusivo e democrático, cabendo as partes a busca pela solução do conflito, por intermédio do auxílio estatal. Abstract: In the Democratic State of Law the respect to the citizenship appears as an indispensable element to the existence of the human being as the subject of essential and fundamental rights. The citizenship concept is more broader than mere the exercise of political rights, being directly wired to the full enjoyment of fundamental rights, the citizen acting in the public space, protected agains state arbitrariness, in addition to social promotion, not only to their individual promotion, but also as an active member of society. In a democracy, the participation must arise, not only in the political field related with the right to vote in elections, or even in higher levels and spheres, but also in multiple sections of public life, as in the case of a more effective participation in The Judicial Branch, in the search of solutions to the most diverse conflicts. Of all the great evils brought by the globalized capitalism, the growth of the social exclusion stands out, in antagony to the true democratic model, as the direct consequence to the rise of criminal rate. And it is in this environment that the actual Penal System develops, with the ampliation of the prison sentence, as a way to contain the high levels of criminality, as the only way to contain violence. Faced with the current model of the penal system not meeting the demands of interested parties, generating a disbelief in Justice in general, the Restorative Justice appears as a alternative to solving those problems. The Restorative Justice is presented as a new way of penal justice, more flexible and humanized, aiming beyond the application of the penalty imposed by the State, overcoming a conflictual situation in the search for positive results in the fight and reduction of crime, in the victims pleasing, in the social reintegration of the criminal and in the change of the violence culture, allowing the active participation of those interested in the problem through dialogue, compatible with the guidelines of the Democratic State of Law, as a true exercise of citizenship. Thus, Restorative Justice becomes an instrument of exercising citizenship through participation, where, by stimulating a culture of dialogue among the parties involved in various legal disputes, it should be used as a mechanism for the realization of Brazilian democratic guidelines, in the construction of a more humane, participatory, inclusive, and democratic process, with the parties seeking to resolve the conflict through state aid. Resumen: En el Estado Democrático de Derecho, el respeto a la ciudadanía surge como elemento indispensable para la existencia del ser humano como sujeto de derechos esenciales y fundamentales. La concepción de ciudadanía es mucho más amplia que el mero ejercicio de los derechos políticos, y está directamente ligada al goce pleno de los derechos fundamentales. El ciudadano actúa en el espacio público, protegido contra las arbitrariedades estatales, y se promueve socialmente no solo para su desarrollo individual, sino también como miembro activo de la sociedad. En una democracia, la participación debe surgir no solo en el campo político en relación al ejercicio del voto en las elecciones o en niveles y esferas más elevadas, sino también en diversos sectores de la vida pública, como es el caso de una participación más efectiva en el Poder Judicial en busca de soluciones para las más diversas disputas. De todos los grandes males traídos por el capitalismo globalizado, destaca el aumento de la exclusión social, en una situación antagónica al verdadero modelo democrático, con la consecuencia directa del aumento de la criminalidad. Es en este ambiente donde se desarrolla el sistema penal actual, con la ampliación de la pena de prisión como forma de contener los altos índices de criminalidad y como única alternativa para contener la violencia. Ante el hecho de que el modelo actual del sistema penal no satisface las demandas de las partes interesadas, generando un descrédito en la Justicia en general, surge la Justicia Restaurativa como una alternativa para resolver estos problemas. La Justicia Restaurativa se presenta como un nuevo modelo de Justicia Penal, más flexible y humanizado, que tiene como objetivo, más allá de la aplicación de la pena impuesta por el Estado, superar una situación de conflicto, buscando resultados positivos en la lucha y reducción de la criminalidad, la satisfacción de la víctima, la reintegración social del delincuente y el cambio de la cultura de la violencia. Todo esto permite la participación activa de las partes interesadas en la disputa a través del diálogo, lo que es compatible con las directrices del Estado Democrático de Derecho, como un verdadero ejercicio de ciudadanía. Por lo tanto, la Justicia Restaurativa se convierte en un instrumento de ejercicio de ciudadanía a través de la participación, donde, mediante el estímulo a la cultura del diálogo entre las partes involucradas en las diversas disputas judiciales, debe utilizarse como un mecanismo para la realización de las directrices de la democracia brasileña, en la construcción de un proceso más humanizado, participativo, inclusivo y democrático, siendo responsabilidad de las partes buscar una solución al conflicto con la ayuda estatal.
Collections
- Teses [292]