Fundamentação de um currículo para as escolas municipais de Toledo, Estado do Paraná, a luz da filosofia da libertação de Enrique Dussel : uma vivência curricular no município de Toledo

Abstract

Resumo: Desde a periferia, o ser como a liberdade que irrompe diante do ouvido atento que escuta, também triunfará. A pesquisa pretendeu comprovar a possibilidade de implementação de um processo pedagógico aberto e participativo, fundamentado na " Filosofia da Libertação na América Latina", de Enrique Dussel, nas escolas municipais de 1ª a 4ª series do ensino fundamental do município de Toledo - Paraná. A voz do ser-do-currículo precisa ser ouvida. A pesquisa pretendeu abrir este espaço, não só ao ser-do-currículo, mas a todos os envolvidos num processo pedagógico aberto. Durante cinco anos, com a equipe da Secretaria Municipal da Educação de Toledo, trabalhamos nesta proposta com as escolas municipais na tentativa de fazer com que refletissem sobre sua situação diante do mundo e em particular, diante da comunidade onde esta inserida. Discutir seu papel, defini-lo dentro do contexto atual e descobrir o seu potencial de transformação foi um dos nossos principais objetivos. As discussões, os debates e os estudos nos mostraram que o povo periférico também e capaz de filosofar. O certo e que a filosofia parece ter surgido sempre na periferia, como necessidade de se pensar a si mesma perante o centro e perante a exterioridade total, ou simplesmente diante do futuro da libertação . Importante, não é só a escola tomar consciência do seu papel na sociedade, mas se afirmar como um caminho libertador. Para a concretização desse propósito e necessário fazer seus projetos, seus planejamentos, suas seleções de conteúdos enfim, ser capaz de decidir sobre seu futuro como um instrumento de libertação. As escolas recebiam prontos os projetos a serem desenvolvidos por elas. Eram projetos iguais para todo o município. A principio, quando eliminamos este habito massificante e pernicioso, fomos alvo de críticas e agressões pela maioria das comunidades escolares. Com o correr do tempo, foram compreendendo o espaço que lhes estava sendo aberto, e passaram a lutar para conquista-lo e preserva-lo. Hoje, mais ou menos 80% dos professores municipais não admitem interferências da Secretaria Municipal da Educação no seu trabalho, a não ser, para ajuda-los a encontrar seus rumos. Bem ou mal, traçam, com as comunidades, seus próprios projetos. E com dificuldade que conseguem por no papel aquilo que querem, mas levar à prática, o fazem com facilidade. Prova de que a práxis popular e verdadeira. Não pretendemos que a educação assuma a responsabilidade exclusiva pelas transformações sociais. No desvelar dessa pesquisa educacional, compreendemos que, sozinha, a escola não consegue promover mudanças radicais. E necessário o comprometimento de outros setores da sociedade. Compreendemos, também, que um projeto de libertação só se concretiza a longo prazo e que a Filosofia da Libertação e uma força motriz capaz de motivar os povos periféricos para a busca de uma sociedade mais humana, livre do domínio dos países ricos. Ela tem capacidade para levar os povos a reflexão ao pensamento crítico, a criatividade e, principalmente, a alteridade. Para se trabalhar, a luz da Filosofia Dusseliana, e preciso coragem. Não e fácil postar-se ao lado do oprimido, como um igual, e juntos lutar pelo novo. O sistema, a totalidade, são máquinas que tentam triturar aqueles que procuram girar as hei ices em sentido contrario. Não ha respostas imediatas, mas e concreta a angustia da espera. E preciso grande equilíbrio psicológico e saúde física, porque o desgaste e enorme. Hoje podemos afirmar, com convicção, que as possibilidades surgidas ultrapassaram nossas expectativas, e portanto, são compensadoras. Finalmente, podemos dizer que a escola pode ensinar a uma sociedade como ser livre, autentica e democrática. Pode provocar transformações na realidade, mesmo que parcialmente, mudando o currículo e o modo de concebê-lo.

Abstract: From the periphery the human being, likewise the freedom which comes out before the attentive hearing which listens, will succeed too. The research intended to ratify the possibility of executing a participant and open pedagogical process, based in 'Latin American Liberation Philosophy', by Enrique DusseI, in the schools under the Town Hall's direction from the 1st to the 4th grades of fundamental level in the city of Toledo - Parana. The pupit's voice has to be heard. The research purposed to open this space, not only to the pupil but also to everyone involved in an open pedagogical process. During five years, with the Town Hall Educational Department's staff, we worked on this proposal with the town hall schools trying to make them consider their situation in front of the community they are put in. One of our main goals was discussing their role, defining them within the present context and finding out their changing potentiality. The discussions, debates and studies have showed us that the peripheral people are also able to philosophize. One thing is sure: the philosophy always seems to have brought up in the periphery, as a necessity of thinking of itself before the center and before the total exterior, or simply before the liberation future. It is not only important that the school becomes conscious of its role in the society, but also that it holds firm as a liberator way. In order to this proposal comes true, it has to make its projects, plans, syllabus, at last, be able to decide on its future as a liberator instrument. At one time, schools got ready their projects to be developed. They were the same for all of them. At the beginning when we cut off this massive and destructive habit, most school communities found fait with it and attacked us. In the course of time, they had the understanding of the space which was being open and start fighting for conquering and keeping it. Nowadays, more or less 80 % of the town hall teachers don't let the Educational Department meddles with their work, unless they want its help to find their directions. Any way, they work out their own projects with the communities. They have great difficult in expressing what they want with written words, but they have no problems in fulfilling them. This prover that that the popular 'praxis' is true. It isn't our intention taking education on the exclusive responsibility of the social transformations. In the course of the educational research, we realized that the school itself can't promote radical changes. The commitment of the other societal sectors is necessary. We also realized that a liberation project only might comes true in the long term and that the Liberation Philosophy is an able motive power to make the peripheral people search for a more humanistic society, free from rich country master. It is able to make people to reflexion, to critical thinking, to investiveness and, mainly, to otherness. If one wants to work at Dusselian Philosophy's light, it is necessary tobe courageous. It is not easy being at the oppressed people, likewise, and all together fight for the new. The whole system works as a machine trying to grind down those who experience to spin the propellers against. There are no immediate answers, but the waiting anxiety is factual. A great psychological balance and physical health is necessary because the consume is huge. Today we can say, for certain, that the issued possibilities overstepped our expectations and therefore they are compensatory. And, finally, we can say that the school may teach the society how to be free, authentic and democratic. It may promote transformations in reality, even though partially, changing the curriculum and the way of understanding it.

Résumé: Meme dans la périphérie, l'etre, comme la liberté qui surgit aux oreilles attentives qui I'ecoutent, triomphera aussi. La recherche a prétendu prouver la possibilité d'implantation et la realisation d'une méthode pédagogique ouverte et participative fondée sur la philosophie de la liberation en Amérique latine de Enrique Dussel, dans les ecoles municipales de la le=e a la annee de l'enseignement fondamental municipal de Toledo - Parana. La voix des participants des programmes doit etre prise em consideration. La recherche a prétendu ouvrir cette breche non seulement pour les participants des programmes mais pour tous les interesses par une méthode pédagogique ouverte. Nous avons travaille pendant 5 ans, avec I'équipé du Secretariat Municipal de l'Education de Toledo, a ce projet avec les ecoles municipales dans la tentative de les faire réfléchir sur leur situation, face au monde, et en particulier, face a la communauté dans laquelle elles sont inserees. Discuter leur role, le définir dans le contexte actuel et découvrir son potentiel de transformation a ete un de nos principaux objectifs. Les discussions, les débats et les etudes nous ont montre que le peuple de la périphérie est capable de philosopher, lui aussi. C'est certain que la philosophie parait avoir toujours surgi de la périphérie, de meme que le besoin de penser a soi-même face au centre et face a I'exteriorite totale ou simplement face a l'avenir de la libération. L'important n'est pas que l'ecole seule prenne conscience de son rôle dans la société mais de s'affirmer comme un moyen libérateur. Pour concrétiser ce but il faut faire ses propres projets, sa pI anification, son choix des matières, enfin etre capable de décider de son avenir comme instrument de I i berat i o n . Les ecoles recevaient les projets prêts a etre mis a exécution. IIs étaient tous semblables pour toute la communauté. Au début, lorsque nous avons interrompu cette habitude degradante qui porte préjudice nous avons ete critique par la majorité des personnes des établissements scolaires. Puis avec le temps des personnes ont compris l'atout qui leur était offert et ont lutte pour l'obtenir et le préserver. Aujourd'hui a peu près 80% des instituteurs municipaux n'admettent pas I'interférence du Secrétariat Municipal de l'Education dans leur t r a v a iI si ce n'est pour les aider a trouver leur voie. Bien ou mal, ils tracent, avec les communautés, leurs propres projets. C'est avec difficulté qu'ils arrivent a mettre sur le papier ce qu'ils veulent, mais, quant a I'executer, ils le font plus facilement. D'ailleurs l'action populaire le montre. Nous ne prétendons pas que l'éducation assume la responsabilité exclusive des transformations sociales. Au cours de cette enquete educationneIIe, nous avons compris, toute seule, que l'ecole ne peut pas obtenir de transformations radicales. Il faut l'engagement des autres secteurs de la société. Nous avons compris, aussi, qu'un projet de libération ne peut se concrétiser qu'a long terme et que la Philosophie de la Liberation est une force motrice capable de motiver la population périphérique a rechercher une société plus humaine, libre de l'emprise des pays riches. Elle est capable de mener les peuples a la reflexion, a l'esprit critique, a la creativi te et principalement a l'alterite. Pour travailler dans le sens de la Philosophie Dussellienne il faut du courage car cen'est pas facile de se placer du cote de l'opprime, en égal, et, lutter ensemble pour rénover. Le système et la totalite sont comme des machines qui essayent de broyer ceux qui cherchent a rompre avec les routines. Il n'y a pas de réponse immédiate a ce problème mais l'angoisse de cette atrente est bien concrète. II faut un grand équilibré psychologique et une bonne santé physique pour y faire face. Aujourd'hui nous pouvons affirmer, avec conviction, que les possibiIites surgies ont depassees nos expectatives donc elles sont compensatoires. Finalement, nous pouvons dire que l'ecole peut apreendre a la société comment etre libre, authentique et démocrate. Elle peut provoquer des transformations dans la realite, meme si c'est partiellement, en modifiant les programmes de maniéré a les concevoir.