Divulgação científica sobre covid-19 na folha de S. Paulo : a educação não-formal em ciências
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Data
2021Autor
Invernizzi, Sofia Foladori, 1997-
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Resumo : A pandemia da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, tem sido foco nos meios de comunicação desde o início de 2020. Passado mais de um ano da declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de 2020, esse continua sendo tema chave. Além da pandemia da COVID-19, a OMS também declarou uma "infodemic" (infodemia), dada a grande quantidade de informação nos meios de comunicação. Durante uma emergência sanitária há necessidade da divulgação rápida de informação à população sobre os riscos e medidas preventivas. O estudo das mídias como mecanismo de educação não formal em ciências e saúde tem ganhado particular interesse no contexto atual. Identificar a função da mídia brasileira na educação e informação da população sobre a prevenção da COVID-19 é fundamental para a promoção de respostas e ações mais eficientes e rápidas em situações futuras. Sendo assim, o objetivo do trabalho é examinar o papel do jornal Folha de S. Paulo como fonte de divulgação de informação científica em situações de pandemias, epidemias e crises sanitárias. Sustentamos que o caso da mídia diante da pandemia da COVID-19 se apresenta como um meio de educação não formal e partimos do pressuposto de que a educação não formal em saúde deve ser estruturada dentro de uma perspectiva histórica de pandemias anteriores e da possibilidade de pandemias futuras. Foi realizada uma análise de conteúdo das notícias vinculadas à pandemia da COVID-19 (palavra-chave coronavírus) publicadas na Folha de S. Paulo (seção Saúde) durante o dia em que esta foi declarada e o dia seguinte (11 e 12 de março de 2020). Os assuntos presentes nas notícias foram classificados em oito unidades de contexto, sendo estas: pandemia em geral, características biológicas do vírus, transmissão, atuação do vírus, prevenção e monitoramento, fármacos, o que fazer, controvérsias científicas e/ou políticas. Foram obtidas 36 notícias, das quais 31 foram selecionadas. De modo geral, as notícias apresentam pouca informação sobre como atuar face ao aumento dos casos. Ademais, trazem poucas explicações vinculadas a aspectos biológicos e fisiológicos da doença. Essas informações são fundamentais por consistirem na base científica que justifica as ações a serem tomadas como mecanismos de mitigação. Temas sobre prevenção e monitoramento aparecem em aproximadamente um terço das notícias, mas não apresentam uma mensagem concisa e única. Percebe-se uma coocorrência entre a descrição dos sintomas, casos graves da doença e restrições com a menção aos grupos de risco, principalmente na população idosa. Essa relação leva à falsa impressão de que apenas esse grupo possui riscos ao contrair SARS-CoV-2. Ademais, a preocupação tende a ficar restringida em nível familiar e individual, sem destacar a importância de uma resposta em nível social. A Folha se propôs, no início da pandemia a divulgar informação útil para a atuação da população ante a crise epidemiológica. Contudo, essas questões não foram atingidas durante o período analisado. Sendo assim, concluise que o jornal atuou de maneira insatisfatória, nos dias analisados, como um mecanismo de educação não formal na divulgação de informações relacionadas à pandemia.
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