Uma questão de Estado : ensaios sobre a construção do Nacional em Jorge Luis Borges
Resumo
Resumo: O objetivo desse estudo é entender como ocorrem as relações entre literatura e política na obra do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), um dos mais influentes do século XX. Para isso, tomamos como corpus do estudo os ensaios "Nuestras imposibilidades" (1931), escrito sob o impacto do golpe de Estado que derrubou, no ano anterior, o governo liberal de Hipólito Yrigoyen (1852-1933); e "Nosso pobre individualismo", publicado poucas semanas após a eleição de Juan Domingo Perón, em 1946 (ambos textos publicados originalmente na revista Sur). A eles, acrescentamos o Prólogo que o autor escreveu à coletânea de contos O informe de Brodie, de 1970, texto onde declara ter-se filiado ao Partido Conservador e antecipa a radicalização futura do seu pensamento e posicionamento político. Ambos textos discutem o conflito do indivíduo contra o Estado e o papel deste na formação das identidades nacionais. O ensaio é aqui entendido como um arquigênero caracterizado pela sua autonomia, pela brevidade, por evitar as regras da objetividade e a busca da verdade absoluta, mas por ser uma escritura que, como quer Theodor W. Adorno (1903-1969), desafia, duvida, questiona e põe à prova os saberes estabelecidos, constituindo-se como uma voz crítica e livre. Procuramos apontar como o autor utiliza o gênero para refletir sobre temas políticos imediatos, como essas questões repercutem em sua obra ficcional e, ainda, responder à uma das mais polêmicas questões da crítica sobre a produção literária do argentino, qual seja, a do seu apolitismo e do suposto distanciamento da sua produção literária de questões relativas ao contexto históricosocial e aos impasses culturais do País onde ela foi produzida. Além da análise do texto e da bibliografia crítica disponível, principalmente de análises já clássicas realizadas por Beatriz Sarlo (2005, 2007), Ricardo Piglia (1979) e Alan Pauls (2004), entre outros, o presente estudo procurou incorporar a bibliografia crítica recente sobre o autor, como os estudos elaborados por Mariela Bianco (2020), Luis Othoniel Rosa (2020), Alejandra Salinas (2021) e Carlos Gamerro (2019), além dos estudos liderados por Daniel Balderston (2018, 2019, 2020) sobre os avant textes do escritor, que lançam um novo olhar sobre antigas discussões acerca de questões sobre identidade, nacionalidade e Estado, suas injunções políticas e estéticas, e sua elaboração através de textos de caráter ensaístico, campo por excelência da reflexão política e laboratório para suas criações ficcionais e poéticas. Abstract: The aim of this study is to understand how the relations between literature and politics occur in the work of the argentine writer Jorge Luis Borges (1899-1986), one of the most influential writers of the 20th century. For this, we took as a corpus of study the essays "Nuestras imposibilidades" (1931), written under the impact of the coup that overthrew, in the previous year, the liberal government of Hipólito Yrigoyen (1852-1933); and "Our poor individualism", published a few weeks after the election of Juan Domingo Perón in 1946 (both texts originally published in the magazine Sur). To them, we add the Prologue that the author wrote to the short story collection El informe de Brodie, from 1970, a text in which he declares himself to have been a member of the Conservative Party and anticipates the future radicalization of his thinking and political positioning. Both texts discuss the individual's conflict against the State and its role in the formation of national identities. The essay is understood here as an archigenre characterized by its autonomy, brevity, for avoiding the rules of objectivity and the search for absolute truth, but for being a writing that, as Theodor W. Adorno (1903-1969) wants, challenges, doubts, questions and puts the established knowledge to the test, constituting itself as a critical and free voice. We seek to point out how the author uses the genre to reflect on immediate political themes, how these questions have an impact on his fictional work and to answer one of the most controversial questions of criticism about the literary production of the Argentine, namely, his apolitism, and the supposed distancing of his literary production from issues related to the historical-social context and the cultural impasses of the country where it was produced. In addition to the analysis of the text and the critical bibliography available, mainly of already classic analysis carried out by Beatriz Sarlo (2005, 2007), Ricardo Piglia (1979) and Alan Pauls (2004), among others, the present study sought to incorporate the recent critical bibliography about the author, such as studies by Mariela Bianco (2020), Luis Othoniel Rosa (2020), Alejandra Salinas (2021) and Carlos Gamerro (2019), in addition to studies led by Daniel Balderston (2018, 2019, 2020) on the avant texts by the writer, which cast a new look at old discussions about questions on identity, nationality and the State, their political and aesthetic injunctions, and their elaboration through texts of an essayistic nature, a field par excellence of political reflection and a laboratory for his fictional and poetic creations. Resumen: El objetivo de este estudio es comprender cómo se dan las relaciones entre literatura y política en la obra del escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), uno de los escritores más influyentes del siglo XX. Para ello, tomamos como corpus de estudio los ensayos "Nuestras imposibilidades" (1931), escritos bajo el impacto del golpe de Estado que derrocó, el año anterior, al gobierno liberal de Hipólito Yrigoyen (1852-1933); y "Nuestro pobre individualismo", publicado pocas semanas después de la elección de Juan Domingo Perón en 1946 (ambos textos publicados originalmente en la revista Sur). A ellos añadimos el Prólogo que el autor escribió a la colección de cuentos El informe de Brodie, de 1970, texto en el que se declara miembro del Partido Conservador y anticipa la futura radicalización de su pensamiento y posicionamiento político. Ambos textos discuten el conflicto del individuo contra el Estado y su papel en la formación de las identidades nacionales. El ensayo se entiende aquí como un archígenero caracterizado por su autonomía, brevedad, por eludir las reglas de la objetividad y la búsqueda de la verdad absoluta, pero por ser un escrito que, como quiere Theodor W. Adorno (1903-1969), interpela, cuestiona y pone a prueba los saberes establecidos, constituyéndose en una voz crítica y libre. Buscamos señalar cómo el autor utiliza el género para reflexionar sobre temas políticos inmediatos, cómo estos cuestionamientos repercuten en su obra ficcional y, también, dar respuesta a uno de los interrogantes más controvertidos de la crítica sobre la producción literaria argentina, a saber, su apolitismo y el supuesto alejamiento de su producción literaria de cuestiones relacionadas con el contexto histórico-social y los impasses culturales del país donde se produjo. Además del análisis del texto y de la bibliografía crítica disponible, principalmente de los ya clásicos análisis realizados por Beatriz Sarlo (2005, 2007), Ricardo Piglia (1979) y Alan Pauls (2004), entre otros, el presente estudio buscó incorporar la bibliografía crítica reciente sobre el autor, como estudios de Mariela Bianco (2020), Luis Othoniel Rosa (2020), Alejandra Salinas (2021) y Carlos Gamerro (2019), además de estudios liderados por Daniel Balderston (2018, 2019 , 2020) sobre los textos de vanguardia del escritor, que renuevan viejas discusiones sobre cuestiones de identidad, nacionalidad y Estado, sus interdictos políticos y estéticos, y su elaboración a través de textos de carácter ensayístico, campo por excelencia de reflexión política y laboratorio de sus creaciones ficcionales y poéticas.
Collections
- Dissertações [380]