Nómos ou a emergência da ordem : fragmentos de uma história das formas jurídicas

Abstract

Resumo: Esta tese é uma investigação cujo horizonte contempla a emergência da ordem a partir do direito, enquanto direito. Trata-se, em outras palavras, de um estudo histórico-filosófico do direito compreendido como nómos. Nómos que não é apenas lei, norma ou comando e tampouco restringe-se à esfera do Estado. Nómos que é sobretudo ordenamento, ordenação, ordem das relações humanas – como se verá inicialmente a partir das obras de Santi Romano e Carl Schmitt. O cerne do trabalho, contudo, está em mostrar o fundamento específico e diversificado do nómos: a arte de pastorear. Por isso, são analisadas também concepções heterogêneas entre si como as de Michel Foucault e de Gilles Deleuze, o que por sua vez conduz a discussões sobre o tema presentes nos diálogos platônicos e na filosofia de Martin Heidegger, bem como em outros textos, antigos e contemporâneos, que lançam luz sobre o nómos enquanto arte pastoral e sua íntima ligação com a linguagem. Esses inusitados percursos através de obras jurídicas e textos filosóficos, mas também de referências historiográficas, mítico-literárias e de gramática histórica, permitirão enxergar o vínculo especial que de há muito selou nómos e lógos , direito e linguagem, poder e filosofia.

Abstract: This thesis is a research that comprehends the emergence of order from law, qua law. It is a historical-philosophical study of law understood as nomos. Nomos, which is not just legal rule, norm, or command, nor is it restricted to the sphere of the State. Nomos is above all ordination, ordering, order of human relationships – as will be seen initially from the works of Santi Romano and Carl Schmitt. However, the core of this investigation is to show the specific and diverse foundation of the nomos: the art of herding (human beings). For this reason, conceptions that are heterogeneous among themselves such as those of Michel Foucault and Gilles Deleuze are also analyzed, which in turn leads to discussions on the subject present, for example, in the Platonic dialogues and in the philosophy of Martin Heidegger, as well as in other texts, ancients e contemporaries, which shed light on the nomos as the art of herding and its intimate connection with language. These unusual paths through legal works and philosophical texts, but also through historiographical, mythical-literary, and historical grammar references, will allow us to see the special bond that has long been sealed between nomos and logos , law and language, power and philosophy.

Résumé: Cette thèse est une enquête dont l’horizon contemple l’émergence de l'ordre à partir du droit, en tant que droit. Il s’agit d’une étude historico-philosophique du droit compris comme Nomos. Nomos, qui ne signifie pas seulement loi, norme ou commandement, ni est limité à la sphère de l’État. Nomos, qui est avant tout ordonnancement, ordonnance, ordre des relations humaines – selon on verra d’abord avec les oeuvres de Santi Romano et Carl Schmitt. Cependant, le coeur du travail est de montrer le fondement spécifique et diversifié du Nomos : l’art du berger de conduire (les êtres humains). Pour cette raison, des conceptions hétérogènes entre elles, comme celles de Michel Foucault et Gilles Deleuze, sont également analysées, ce qui conduit à son tour à des discussions sur le thème présent, par exemple, dans les dialogues platoniciens et dans la philosophie de Martin Heidegger, ainsi que dans d’outre textes, anciens et contemporaines, qui font la lumière sur le Nomos en tant que l’art de faire paître et son rapport intime avec le langage. Ces parcours insolites à travers des ouvrages juridiques et des textes philosophiques, mais aussi à travers des références historiographiques, mythico-littéraires et grammaticales historiques, nous permettront de voir le lien particulier qui a longtemps été scellé entre Nomos et logos , droit et langage, pouvoir et philosophie.