As propostas de treinamento e aperfeiçoamento de professores na Rede Municipal de Ensino de Curitiba : uma análise crítica e uma solução : o assessoramento
Resumo
Resumo: Este estudo toma por objeto de exame o treinamento e o aperfeiçoamento de professores na Rede Municipal de Ensino de Curitiba, desde sua implantação (1963) até 1988. Desenvolveu-se uma análise critica sobre a estrutura do órgão encarregado pela educação no município de Curitiba; as propostas educacionais em cada período, bem como sua forma de implantação ou a opção para o aperfeiçoamento de professores. Tudo isto contextualizando cada proposta à realidade educacional brasileira. Como questão orientadora deste trabalho partiu-se da ideia de que, por muito tempo, o professor foi treinado para o trabalho docente. O sentido restrito que o termo "treinamento" expressa é adotado para definir o adestramento, a mecanização a que estiveram ou estão expostos os professores. No treinamento, os professores adquirem apenas a visão parcelada da complexa ação educacional em que se inserem. O treinamento, historicamente, desenvolveu-se a serviço do modo de produção capitalista, onde interessa à empresa ou à mantenedora que o treinando se especialize em determinada função e a desenvolva com perfeição. Neste caso, quem pensa não é quem executa e vice-versa. Habilitado para desenvolver apenas parcela do trabalho, o trabalhador - contraditoriamente ao pretendido pelo treinamento - crescentemente insatisfez-se com o trabalho mecanizado, necessitando de mais treinamento e controle. Consequentemente o treinamento veio gerando a necessidade de maiores investimentos e não justificando sua ação que, em última análise, significa dizer a ineficiência do trabalhador e a diminuição do lucro. A lógica empresarial, que desenvolve o treinamento ou adestramento, infiltrou-se também no contexto educacional. Algumas concepções de educação absorveram a lógica empresarial, justificando o treinamento de professores. Há um comprometimento ideológico nestas concepções educacionais que permitiram que o professor fosse adestrado para o trabalho docente. Mas, como vimos, o treinamento contraditoriamente desenvolve a insatisfação no trabalho. Com os professores da Rede Municipal de Ensino de Curitiba confirmamos esta contradição e, ainda, detectamos a tendência à ruptura com o treinamento e, dialeticamente, com as referidas concepções educacionais. Iniciou-se concretamente na Rede Municipal de Ensino de Curitiba, a partir de 1983, a superação do treinamento e a ruptura com as concepções educacionais que o justificavam. O ano de 1986 foi considerado, por nós, como marco histórico para inicio da implantação do aperfeiçoamento de professores na Rede Municipal de Ensino de Curitiba e também para a adoção de concepções educacionais comprometidas com a maioria da população. Consideramos que a melhoria da qualidade do ensino depende do aperfeiçoamento de professores. Esta é uma ação que depende do comprometimento das entidades mantenedoras em conceberem propostas politico-pedagógicas vinculadas aos interesses da maioria da população e garantir a implantação das mesmas. Caso a mantenedora assuma esta vinculação, consequentemente, investirá no aperfeiçoamento dos professores, como garantia de implantação das propostas. O aperfeiçoamento de professores é algo que se viabiliza pela vontade política dos dirigentes. Esta afirmação indica a não aceitação de que cada um é responsável pelo seu autoaperfeiçoamento. Esta responsabilidade é do professor desde que superada a omissão dos dirigentes. A referida omissão trata do não comprometimento dos dirigentes com políticas pedagógicas que viabilizem o resgate da competência profissional (técnica e política) do professor.
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