A representação da mulher no livro didático de linguagens e suas tecnologias Ser Protagonista

Abstract

Resumo: Este trabalho está inserido em um contexto acadêmico e escolar no qual é fundamental a conscientização sobre o machismo e sobre as violências que as mulheres sofrem nos ambientes públicos e privados. Esta pesquisa está ancorada em pesquisadores sobre o livro didático (LD), como Bandeira e Velozo (2019), Batista (2009), Bittencourt (2008), Turra Díaz (2012), Choppin (2004) e Freitas (2013), os quais atestam a importância desse material e a sua relevância histórica, e também em pesquisas acadêmicas sobre as relações de gênero no LD, como as de Araújo e Ferreira (2018), Pereira (2014), Oliveira (2018), Guariza (2016) e Pereira (2013). A discussão está pautada em conceitos de Bakhtin e Volochinov (2003; 2004; 2013; 2015; 2017), considerando que há na produção do LD posições ideológicas e também valores sociais e culturais por meio dos quais circulam as diferentes vozes em um mesmo objeto. A investigação convoca conceitos como Forças Centrípetas e Forças Centrífugas, discursos hegemônicos e contra-hegemônicos, que são fulcrais para este estudo dentro da perspectiva da Análise Dialógica Discursiva, como proposta pelo grupo de pesquisa de Beth Brait a partir da perspectiva teórica do círculo de Bakhtin. Contudo, há outros conceitos, como relações dialógicas e dialogismo, ideologia, enunciado e gênero do discurso que, eventualmente perpassam esta pesquisa, assim como o conceito de identidade de gênero de Judith Butler (2020). Convocando tais conceitos, esta pesquisa procurou analisar como a mulher é representada no LD e que valores sociais estão presentes no material. Levando em conta a importância que o livro didático tem no processo de formação do sujeito crítico, esse material pode reforçar e naturalizar discursos hegemônicos, contribuindo para a manutenção de discursos que oprimem e regulamentam os diferentes corpos. No livro didático Ser protagonista: Projetos integradores: Linguagens e suas tecnologias (POUGY et al., 2020), é possível observar a presença de discursos contra-hegemônicos em uma perspectiva crítica de educação, com conteúdos que, de modo geral, podem contribuir para discussões acerca do corpo gordo, negro e da mulher indígena, que também aparece na obra, assim como as manifestações da Women’s March etc. Apesar de o livro apresentar uma perspectiva crítica e progressista, ainda tem propostas de atividades puramente estruturais da língua, indo contra as ideias bakhtinianas de língua e linguagem. Dessa forma, o desenvolvimento das atividades para uma concepção crítica fica por conta da mediação dos docentes, que poderão contribuir para a construção de sentidos, uma vez que há momentos que o LD não é capaz de ampliar as discussões.

Abstract: This work is inserted in an academic and school context, in which it is essential to raise awareness about male chauvinism and about the violence that women suffer in public and private environments. This research is anchored in researchers on textbooks (LD), such as Bandeira and Velozo (2019), Batista (2009), Bittencourt (2008), Turra Díaz (2012), Choppin (2004) and Freitas (2013), who attest the importance of this material and its historical relevance, and also in academic research on gender relations in textbooks such as Araújo and Ferreira (2018), Pereira (2014), Oliveira (2018), Guariza (2016) and Pereira (2013). The discussion is based on concepts by Bakhtin and Volochinov (2003, 2004, 2013, 2015, 2017), considering that there are ideological positions in the textbook production and also social and cultural values through which different voices circulate in the same object. The investigation is also based on concepts such as Centripetal Forces and Centrifugal Forces, hegemonic and counter-hegemonic discourses, which are core concepts in the Dialogical Discursive Analysis we constructed, based on the proposal of Beth Brait's research group offered for the theoretical perspective of Bakhtin's circle. However, there are other concepts, such as dialogical relationships and dialogism, ideology, enunciation and discourse genre that eventually permeate this research, as well as Judith Butler's concept of gender identity (2020). Thus, this research sought to analyze how women are represented in the textbook and what social values are present in the material. Taking into account the importance that the textbook has in the process of forming the critical subject, this material can reinforce and naturalize hegemonic discourses, contributing to the maintenance of discourses that oppress and regulate different bodies. Considering that in this research what is being analyzed is the linguistic materiality in the textbook Ser protagonista: Projetos integradores: Linguagens e suas tecnologias (POUGY et al., 2020), it is possible to observe that the didactic work inserts counter-hegemonic discourses in a critical perspective of education, with contents that, in general, can contribute to discussions about the fat, black body and the indigenous women, who also appear in the work, as well as the manifestations of the Women's March, etc. Although the book presents a critical and progressive perspective, it still has proposals for purely structural language activities, going against Bakhtin's ideas of language. In this way, the development of activities for a critical conception is up to the mediation of the professors, who can contribute to the construction of meanings, since there are times when the textbook is not able to broaden the discussions.