A preponderância da ideologia como possível causa da degenerescência da filosofia na educação

Abstract

Resumo: Este trabalho resultou da experiência profissional junto a administração da educação pública, onde se pode observar que as mudanças de direcionamento político causam notáveis alterações na Política Educacional. A vivência dessa dinâmica proporcionou preocupações teórico-práticas no sentido do direcionamento do processo educacional, principalmente no que se refere a dimensão científico-filosófica. A educação tem sido excessivamente quantificada e fundamentada em pressupostos eminentemente técnico-pragmáticos e político-partidários. O debate educacional, notadamente nas últimas décadas, vem sendo abordado a partir de uma perspectiva critica porém unilateral, uma vez que os erros e falhas tendem a ser atribuídos, unicamente, ao modelo sócio-político-econômico de desenvolvimento adotado pelos países considerados capitalistas. Assim, as alternativas de solução propostas no campo educacional, caracterizam-se como predominantemente ideológicas, respondendo a interesses político-partidários. Resultam dai as divergências e antagonismos, sobrepondo o comprometimento político a competência profissional. Em decorrência, as decisões educacionais vinculam-se ao comprometimento político, onde as prioridades variam em função da alternância partidária e resultam, muitas vezes, no agravamento da realidade educacional. Sendo a educação um processo permanente de formação, considera-se fundamental que esse processo seja desenvolvido em função do equilíbrio entre a qualidade e a quantidade. Pode-se afirmar, portanto, que é necessário harmonizar o binômio ideologia-filosofia. O presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre o problema da preponderância da ideologia como possível causa da degenerescência da filosofia na educação. Nesse sentido realizou-se a análise crítica dos documentos que expressam as diretrizes de governo como um todo e, especificamente, a política educacional. Constatou-se que enquanto o Plano de Governo fundamenta-se numa Filosofia Social, as Diretrizes Setoriais de Educação revelam um posicionamento político-partidário. Há portanto antagonismo entre as propostas, embora ambas pretendam uma efetiva democratização. A partir dessa constatação argumenta-se a necessidade de estabelecer um posicionamento supra-ideológico, fundamentado no binômio ciência-filosofia. Entende-se que a democracia não é um "sistema de ideias" mas, antes de tudo, um processo que não se impõe e que se constrói no dia a dia. A democracia não se constrói mecanicamente por ser um processo qualitativo. A democracia, segundo a Ministra de Educação Esther de Figueiredo Ferraz, e um estado de espírito. É portanto suscetível às limitações que determinam a ação do homem. O próprio homem estabelece essas limitações, a partir do momento em que define seus interesses e aspirações . Finalmente, apresentam-se propostas para debate tendo em vista que não se acredita em soluções unicamente político-partidárias mas, em alternativas a serem criadas a partir do exercício da crítica e da auto-crítica, mediante vim posicionamento supra-ideológico numa visão pluralista e ecumênica.