Revisão sobre o histórico de mosca branca na agricultura e relatos de resistência a inseticidas

Abstract

Resumo: A mosca branca (Bemisia tabaci) é uma praga altamente destrutiva para a agricultura, é vetor de diversas viroses e causadora de danos diretos em culturas como feijão, soja, tomate e algodão. Sua capacidade de adaptação e reprodução acelerada, aliada à ampla exposição a inseticidas, resultou no desenvolvimento crescente de resistência a diversos grupos químicos. Esta revisão bibliográfica teve como objetivo reunir evidências científicas sobre a evolução da resistência de B. tabaci aos principais inseticidas utilizados no manejo químico, com destaque para os biótipos MEAM1 e MED, predominantes no Brasil. Os resultados mostram que ingredientes ativos como imidacloprido, thiametoxam e abamectina apresentam elevados níveis de resistência, com perda significativa de eficácia, especialmente em populações do biótipo MED. Em alguns casos, a resistência a esses neonicotinóides ultrapassou 90%, com relatos de resistência cruzada entre diferentes moléculas do mesmo grupo. Estudos apontam a superexpressão do gene CYP6CM1 e de enzimas detoxificantes como principais mecanismos fisiológicos envolvidos na resistência. Ingredientes como acetamiprido e dinotefurano ainda demonstram desempenho moderado, embora já existam registros de resistência em áreas com uso intensivo e sucessivo das moléculas. Já os reguladores de crescimento buprofezina e pyriproxyfen, que atuam em ovos e ninfas, apresentam maior estabilidade de controle, porém com eficácia variável conforme o biótipo e o histórico de uso na região. Em populações da Ásia já foram documentados casos de resistência de até 127 vezes à buprofezina, enquanto pyriproxyfen tem se mantido mais eficiente e estável. Além disso, verificou-se que a resistência pode persistir por várias gerações, mesmo sem nova exposição ao inseticida, dificultando a reversão do problema. Diante desse cenário, torna-se essencial a adoção de estratégias de manejo integrado da resistência, que envolvam a rotação de ingredientes com diferentes mecanismos de ação, o monitoramento regional da eficácia dos produtos e o uso complementar de métodos biológicos e biotecnológicos, como RNAi e fungos entomopatogênicos. Conclui-se que, frente à rápida evolução da resistência, o uso racional de inseticidas com base em levantamentos e monitoramentos frequentes e a diversificação das estratégias de controle são indispensáveis para a sustentabilidade e eficiência do manejo de mosca branca na agricultura brasileira

Abstract: The whitefly (Bemisia tabaci) is a highly destructive pest in agriculture, acting as a vector for various viral diseases and causing direct damage to crops such as beans, soybeans, tomatoes, and cotton. Its ability to adapt and reproduce rapidly, combined with extensive exposure to insecticides, has led to the growing development of resistance to several chemical groups. This literature review aimed to compile scientific evidence on the evolution of B. tabaci resistance to the main insecticides used in chemical management, with a focus on the MEAM1 and MED biotypes, which are predominant in Brazil. The results show that active ingredients such as imidacloprid, thiamethoxam, and abamectin exhibit high levels of resistance, with a significant loss of efficacy, especially in MED biotype populations. In some cases, resistance to these neonicotinoids exceeded 90%, with reports of cross-resistance among different molecules within the same group. Studies indicate that overexpression of the CYP6CM1 gene and detoxifying enzymes are the main physiological mechanisms involved in resistance. Ingredients such as acetamiprid and dinotefuran still show moderate performance, although resistance has already been reported in areas with intensive and successive use of these compounds. Growth regulators like buprofezin and pyriproxyfen, which act on eggs and nymphs, show greater stability in control, although their efficacy varies depending on the biotype and the region's usage history. In Asian populations, cases of up to 127-fold resistance to buprofezin have been documented, while pyriproxyfen has remained more effective and stable. Additionally, resistance has been found to persist for several generations even without further exposure to the insecticide, making reversal of the problem difficult. In light of this scenario, adopting integrated resistance management strategies becomes essential. These should include rotating active ingredients with different modes of action, regional monitoring of product efficacy, and the complementary use of biological and biotechnological methods such as RNAi and entomopathogenic fungi. In conclusion, given the rapid evolution of resistance, the rational use of insecticides based on frequent surveys and monitoring, as well as diversification of control strategies, are indispensable for the sustainability and effectiveness of whitefly management in Brazilian agriculture