A mobilidade tecnológico-educacional e suas dimensões no pronunciar de professoras de matemática
Resumo
Resumo: Esta tese investiga que dimensões da Mobilidade tecnológico-educacional (MTE) emergem quando professoras(es) de Matemática do Ensino Médio se pronunciam sobre o uso de tecnologias em sua formação e prática, e como tais dimensões se (des)articulam no trinômio professor–estudante–conteúdo. Metodologicamente, tece revisão de literatura, análise documental de políticas e formações da Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED-PR (série 2004– 2013) dialogando com o modelo TPACK (Mishra e Koehler) e com referenciais internacionais (UNESCO/Columbia), além da interpretação de pronunciamentos docentes via survey exploratório, compondo um desenho qualitativo orientado por leitura do contexto educacional. Teoricamente, a MTE e suas dimensões (conteúdo, artefato, pensamento, físico-espacial, tempo e político-econômica) operam de forma integrada, modulando (i)mobilidades no ensinar e aprender; os dados empíricos reforçam a co-ocorrência dessas dimensões e sua tessitura no cotidiano escolar. No recorte desta tese, a análise considera a circulação entre tecnologias ancestrais e contemporâneas (etnomatemáticas, artefatos culturais, mídias móveis, micromundos) como parte da mobilidade do conteúdo e dos artefatos, reconhecendo a ancestralidade como base de uma vivência integral no presente. A Matemática é entendida como linguagem cultural e tecnologia de pensamento. Os resultados da análise das formações ofertadas aos professores de Matemática da SEED-PR evidenciam descompassos entre formações de ênfase instrumental e a exigência de integração curricular crítica com equidade, além de condições (infraestruturais, pedagógicas e institucionais) que limitam e/ou potencializam a mobilidade do trinômio professor–estudante–conteúdo. A dimensão artefato é a mais evidenciada nos pronunciamentos, embora se afira preocupação com a aprendizagem - dimensão pensamento. A dimensão político-econômica, em âmbito regional, é pronunciada como irrelevante pelas professoras e professores colaboradores da pesquisa, entretanto, na leitura do discurso da produção e da cultura vivida, em âmbito estadual e nacional foram detectadas mobilidades constrangidas com relação à formação e uso de tecnologias na educação. Como contribuição propositiva, apresenta-se a Contextura Didática — cinco movimentos Auscultar, Contextuar, Entrelaçar, Publicar e Reescrever — que organiza os três discursos presentes na escola (produção, análise de texto e culturas vividas), segundo Giroux (1997). Ético-politicamente, a tese ancora-se na esperança educada (Freire; Giroux) e na insubordinação criativa (D’Ambrosio e Lopes), reconhecendo docentes e juventudes como intelectuais transformadores (Giroux) e a escola pública, potencialmente, como esfera democrática de produção de conhecimento matemático com justiça curricular. Conclui-se que integrar tecnologias de modo transformador requer deslocar o foco de cursos prescritivos para práticas colaborativas, críticas e contextuais, com monitoramento de desigualdades e reconhecimento do trabalho docente como trabalho intelectual público Abstract: This dissertation investigates which dimensions of Technological-Educational Mobility (MTE) emerge when Brazilian high-school mathematics teachers speak about technologies in their preparation and practice, and how these dimensions (dis)articulate within the teacher–student–content triad. Methodologically, it weaves a literature review, documentary analysis of policies and professional development by the Paraná State Secretariat of Education (SEED-PR, 2004–2013), dialogue with the TPACK model (Mishra & Koehler) and international frameworks (UNESCO/Columbia), and the interpretation of teacher statements via an exploratory survey, composing a qualitative design oriented by a sociopolitical reading of the educational context. Theoretically, MTE is treated as an interdependent arrangement—content, artifact, thought, physical-spatial, time, and political-economic—whose dimensions operate integratively, modulating (im)mobilities in teaching and learning; empirical data reinforce their co-occurrence and everyday weaving in schools. The analysis foregrounds circulation between ancestral and contemporary technologies (ethnomathematics, cultural artifacts, mobile media, microworlds) as part of the mobility of content and artifacts, recognizing ancestry as a basis for integral living in the present. Mathematics is understood as cultural language and a technology of thought. Findings from SEED-PR offerings show mismatches between instrumental training and the need for critical, equitable curricular integration, alongside infrastructural, pedagogical, and institutional conditions that both constrain and enable mobility in the teacher–student–content triad. The artifact dimension is most salient, with notable concern for learning (thought); teachers downplay the regional politicaleconomic dimension, yet discourse analysis at state/national levels reveals constrained mobilities in technology training and use. As a constructive contribution, the study proposes the Didactic Contexture—five movements: Listen, Contextualize, Interweave, Publish, and Rewrite—organizing school discourses (production, text analysis, lived cultures) per Giroux (1997). Ethico-politically, it is anchored in educated hope (Freire; Giroux) and creative insubordination (D’Ambrosio and Lopes), recognizing teachers and youth as transformative intellectuals and public schools as potential democratic spheres for producing mathematical knowledge with curricular justice. It concludes that transformative integration of technologies requires shifting from prescriptive courses to collaborative, critical, contextual practices, monitoring inequalities, and acknowledging teaching as public intellectual work Résumé: Cette thèse étudie les dimensions de la Mobilité Technologico-Éducative (MTE) qui émergent lorsque des enseignant·e·s de mathématiques du secondaire s’expriment sur l’usage des technologies dans leur formation et leur pratique, ainsi que la manière dont ces dimensions se (dés)articulent dans le trinôme enseignant–élève– contenu. Méthodologiquement, elle articule une revue de littérature, l’analyse documentaire des politiques et des formations de la SEED-PR (2004–2013), en dialogue avec le modèle TPACK (Mishra & Koehler) et avec des références internationales (UNESCO/Columbia), ainsi que l’interprétation de prises de parole enseignantes issues d’une enquête exploratoire, dans un dispositif qualitatif orienté par une lecture du contexte éducatif. Théoriquement, la MTE est comprise comme un agencement multidimensionnel et interdépendant dont les dimensions (contenu, artefact, pensée, physico-spatiale, temporelle et politico-économique) opèrent de façon intégrée, modulant des (im)mobilités dans l’enseignement et l’apprentissage ; les données empiriques confirment la co-occurrence de ces dimensions et leur tissage dans le quotidien scolaire. L’analyse considère la circulation entre technologies ancestrales et contemporaines (ethnomathématiques, artefacts culturels, médias mobiles, micromondes) comme partie prenante de la mobilité des contenus et artefacts, reconnaissant l’ancestralité comme base d’une expérience intégrale du présent. Les mathématiques sont envisagées comme langage culturel et technologie de pensée. Les résultats révèlent des décalages entre les formations de la SEED-PR à visée instrumentale et l’exigence d’une intégration curriculaire critique et équitable, ainsi que des conditions (infrastructurelles, pédagogiques et institutionnelles) qui limitent et/ou potentialisent la mobilité du trinôme enseignant–élève–contenu. La dimension « artefact » est la plus fréquemment évoquée, bien qu’une préoccupation pour l’apprentissage (dimension « pensée ») soit perceptible. La dimension politicoéconomique est, au plan régional, déclarée non pertinente par les enseignant·e·s participant·e·s, mais l’analyse des discours de la production et de la culture vécue révèle, à l’échelle étatique et nationale, des mobilités contraintes liées à la formation et à l’usage des technologies éducatives. À titre de proposition, la thèse présente la Contexture Didactique — cinq mouvements: Écouter, Contextualiser, Entrelacer, Publier et Réécrire — qui organise les trois discours présents à l’école (production, analyse de textes et cultures vécues), selon Giroux (1997). Éthico-politiquement, elle s’ancre dans l’« espérance éduquée » (Freire; Giroux) et dans l’« insubordination créative » (D’Ambrosio et Lopes), reconnaissant les enseignant·e·s et les jeunes comme intellectuel·le·s transformateurs/trices (Giroux) et l’école publique comme sphère démocratique potentielle de production de savoir mathématique avec justice curriculaire. La conclusion affirme que l’intégration transformative des technologies suppose de déplacer le regard des cours prescriptifs vers des pratiques collaboratives, critiques et contextuelles, tout en assurant le suivi des inégalités et en reconnaissant le travail enseignant comme travail intellectuel public
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- Teses [501]