Experiência escolar de crianças com TDAH

Abstract

Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é, atualmente, considerado o transtorno do desenvolvimento infantil mais diagnosticado, segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA, 2022). Esse cenário impõe grandes desafios às escolas, gerando situações que muitas vezes escapam à compreensão de professores e alunos, criando demandas no contexto educacional. A presente pesquisa busca responder à seguinte questão: "como é a experiência de alunos com TDAH na escola?". O objetivo central é compreender como esses alunos percebem a si mesmos em sua dinâmica de inclusão pedagógica nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em uma escola pública de Curitiba. A pesquisa envolveu sete alunos diagnosticados com TDAH e adotou uma metodologia qualitativa descritiva, utilizando como instrumento de coleta de dados como rodas de conversa, entrevistas semiestruturadas, observação e dinâmicas. A intenção foi captar, por meio dos relatos dos próprios estudantes, a complexidade do fenômeno e a diversidade de relações que o envolvem, evidenciando suas experiências no ambiente escolar. Essa investigação procurou esclarecer aspectos muitas vezes mal interpretados sobre a vivência desses alunos, compreendendo como se percebem e como se constroem as relações dentro da escola. Os relatos coletados foram analisados por meio da técnica de análise de núcleos de significação, o que possibilitou um estudo mais profundo da experiência escolar vivida por esses alunos. Os resultados apontam que, embora a educação inclusiva no Brasil ainda esteja em processo de consolidação, há sinais concretos de avanços na forma como escolas públicas vêm acolhendo alunos com TDAH. As crianças demonstraram consciência de seus próprios desafios, o que representa um passo importante no desenvolvimento da autonomia e na criação de estratégias pessoais de superação. Tal consciência sugere que o ambiente escolar desta Escola tem promovido condições para o autoconhecimento e o fortalecimento emocional. Outro aspecto importante é que todos os alunos relataram sentir-se felizes na escola. Isso reforça a importância do acolhimento afetivo, da escuta ativa e da construção de relações positivas com os professores como pilares do bem-estar escolar. As metodologias lúdicas e interativas foram valorizadas por facilitarem o aprendizado, o que indica a necessidade de transformar a escola em um espaço mais dinâmico e sensível às necessidades dos alunos, desafio ampliado pelas salas superlotadas, que dificultam a personalização do ensino. Elogios, carinho e vínculos afetivos com os professores foram apontados como essenciais na motivação e no fortalecimento das relações interpessoais. Apesar de persistirem dificuldades, como a velocidade do ensino e a exposição ao grupo, os sentimentos positivos prevaleceram, sugerindo que, neste contexto, os alunos com TDAH estão inseridos em uma realidade escolar mais acolhedora. Isso evidencia uma mudança significativa na forma como a neurodivergência é compreendida, reforçando que a inclusão plena não apenas é possível, mas já está em construção

Abstract: Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is currently considered the most diagnosed childhood development disorder, according to the Brazilian Attention Deficit Association (ABDA, 2022). This scenario poses great challenges to schools, generating situations that often escape the understanding of teachers and students, creating demands in the educational context. This research seeks to answer the following question: "What is the experience of students with ADHD at school like?". The main objective is to understand how these students perceive themselves in their dynamics of pedagogical inclusion in Elementary School I, in a public school in Curitiba. The research involved seven students diagnosed with ADHD and adopted a descriptive qualitative methodology, using conversation circles, semi-structured interviews, observation and dynamics as data collection instruments. The intention was to capture, through the students' own reports, the complexity of the phenomenon and the diversity of relationships that involve it, highlighting their experiences in the school environment. This research sought to clarify aspects that are often misinterpreted about the experiences of these students, understanding how they perceive themselves and how relationships are built within the school. The reports collected were analyzed using the technique of analysis of meaning cores, which allowed for a more in-depth study of the school experience lived by these students. The results indicate that, although inclusive education in Brazil is still in the process of consolidation, there are concrete signs of progress in the way public schools have been welcoming students with ADHD. The children demonstrated awareness of their own challenges, which represents an important step in the development of autonomy and in the creation of personal strategies for overcoming them. This awareness suggests that the school environment of this school has promoted conditions for self-knowledge and emotional strengthening. Another important aspect is that all students reported feeling happy at school. This reinforces the importance of emotional support, active listening and the construction of positive relationships with teachers as pillars of school well-being. Playful and interactive methodologies were valued for facilitating learning, which indicates the need to transform the school into a more dynamic space that is sensitive to the needs of students, a challenge that is amplified by overcrowded classrooms, which make it difficult to personalize teaching. Praise, affection, and emotional bonds with teachers were highlighted as essential for motivating and strengthening interpersonal relationships. Despite the persistence of difficulties, such as the speed of teaching and exposure to the group, positive feelings prevailed, suggesting that, in this context, students with ADHD are inserted into a more welcoming school reality. This highlights a significant change in the way neurodivergence is understood, reinforcing that full inclusion is not only possible, but is already under construction