Corpo-rio : pedagogias cênicas em fluxos (eco)dialógicos
Resumo
Resumo: Cena aberta: um rio serpenteia pelo palco. No centro, um Menino dobra um pequeno barco de papel. Menino: Como começa um rio? Rio: Começa antes do começo. Nasce pequenino, num fio de água escondido, e logo se espalha, encontra outras águas, se faz caminho até, quem sabe, o (a)mar. Menino: E quando termina? Rio: Nunca. Só muda de nome. (O Menino sopra o barco e o coloca na água. Ele navega, devagar.) Esta pesquisa nasce assim, como um rio que desce a serra sem mapa certo, abrindo caminhos na terra, dobrando esquinas, tocando margens. Como um barco de papel lançado ao desconhecido, levado pelo sopro das perguntas. Aqui, proponho um encontro entre a cena e o fluxo das águas, entre o corpo e o rio. Atravesso a borda das pedagogias convencionais para investigar um outro jeito de aprender e ensinar: um jeito ribeiro, feito de movimento, de escuta, de improviso e de pertencimento. Corpo rio não é uma só metáfora, mas um convite para pensar as pedagogias cênicas como correnteza – uma educação que acontece no entre, na beira, no deslizar do tempo e do espaço. Mas de onde nasce essa pergunta? Talvez, das margens onde me criei, onde as primeiras teatralidades foram gestadas entre brincadeiras de infância e as águas doces do meu ribeirão. Ou talvez, tenha brotado da necessidade de reencantar os processos de aprenderensinaraprender, de olhar para as pedagogias cênicas como rios vivos, que se moldam ao terreno, que não cabem em aquários nem em molduras rígidas. Esta tese é um mergulho em fluxos (eco)dialógicos. É escrita e encenação. É pesquisa e travessia. Aqui, entre a memória e a invenção, entre a experiência e a ficção, entre a arte e a vida, permito-me sulear – porque aprender, como um rio, não segue só para o norte. E então, criança-leitora, quer navegar? Abstract: Open scene: A river meanders across the stage. At the center, a Boy folds a small paper boat. Boy: How does a river begin? River: It begins before the beginning. It is born tiny, in a hidden thread of water, and soon spreads, meets other waters, carves a path until, perhaps, it reaches the (sea). Boy: And when does it end? River: Never. It only changes its name. (The Boy blows on the boat and places it on the water. It sails, slowly.) This research begins like this, like a river flowing down the mountains without a fixed map, opening paths through the land, bending around corners, touching the shores. Like a paper boat launched into the unknown, carried by the breath of questions. Here, I propose an encounter between the scene and the flow of waters, between the body and the river. I cross the edge of conventional pedagogies to explore another way of learning and teaching: a riverine way, made of movement, listening, improvisation, and belonging. Body-river is not just a metaphor but an invitation to think of scenic pedagogies as a current—a form of education that happens in-between, at the edge, in the sliding of time and space. But where does this question arise from? Perhaps from the riverbanks where I was raised, where the first forms of theatricality were born in childhood play and the sweet waters of my brook. Or maybe it sprouted from the need to re-enchant the processes of learning-teaching-learning, to view scenic pedagogies as living rivers, shaped by the terrain, unable to fit within aquariums or rigid frames. This thesis is a dive into (eco)dialogical flows. It is writing and performance. It is research and journey. Here, between memory and invention, between experience and fiction, between art and life, I allow myself to south—because learning, like a river, does not flow only northward. So, child-reader, do you want to browse?
Collections
- Teses [503]