O acolhimento das crianças migrantes haitianas nas escolas municipais em Piraquara : educação como direito social entre duas culturas diferentes

Abstract

Resumo: Esta pesquisa apresenta um panorama de como ocorre o acolhimento das crianças migrantes haitianas nas escolas municipais de Piraquara/PR. A pesquisa associa a educação ao seu papel fundamental como um direito social, ressaltando os desafios e as possibilidades que emergem do contato entre diferentes culturas no contexto escolar. O principal objetivo deste trabalho está nas estratégias de acolhimento utilizadas pelas instituições, as barreiras enfrentadas pelos alunos haitianos, pela comunidade escolar e a importância da educação na vida dessas crianças migrantes que são tanto protagonistas quanto beneficiárias das iniciativas de inclusão social em Piraquara. Essa é a função da escola ao criar um ambiente que valoriza e respeita as diversidades culturais e linguísticas. A abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa combina dados qualitativos e inclui uma observação de campo na Escola Heinrich de Souza de Piraquara, que registrou o maior número de crianças migrantes haitianas em 2021 no município. É essencial reconhecer que as crianças haitianas possuem uma cultura distinta, exigindo um contexto acolhedor no país que as recebe. Por essa razão, o direito à educação é claramente garantido pela Constituição Federal do Brasil de 1988 e por outras legislações nacionais e internacionais. No entanto, a implementação dessas normas em favor das crianças migrantes ainda requer avanços para atender às necessidades de acolhimento e promover a convivência social no ambiente escolar, respeitando a diversidade cultural. Concluiu-se no estudo que, em Piraquara, não existe uma política educacional formal para acolher as crianças migrantes haitianas, mas elas conseguem se matricular nas escolas. A inclusão do intérprete haitiano é um aspecto importante, mas a falta de materiais didáticos na língua materna dessas crianças ainda é uma barreira. Além disso, foi observado que crianças haitianas sofrem discriminação racial, com os pais de crianças brasileiras usando termos depreciativos, como "haitianinho", durante desentendimentos entre as crianças

Abstract: This research presents an overview of how Haitian migrant children are welcomed in the municipal schools of Piraquara/PR. The research associates education with its fundamentais role as a social right, highlighting the challenges and possibilities that emerge from contact between different cultures in the school context. The main objective of this work is to examine the welcoming strategies used by the institutions, the barriers faced by Haitian students and the school community, and the importance of education in the lives of these migrant children who are both protagonists and beneficiaries of social inclusion initiatives in Piraquara. This is the role of the school in creating an environment that values and respects cultural and linguistic diversity. The methodological approach used in this research combines qualitative data and includes field observation at the Heinrich de Souza School in Piraquara, which registered the largest number of Haitian migrant children in 2021 in the municipality. It is essential to recognize that Haitian children have a distinct culture, requiring a welcoming context in the country that receives them. For this reason, the right to education is clearly guaranteed by the Brazilian Federal Constitution of 1988 and by other national and international legislation. However, the implementation of these standards in favor of migrant children still requires progress to meet the needs of reception and promote social coexistence in the school environment, respecting cultural diversity. The study concluded that in Piraquara, there is no formal educational policy to welcome Haitian migrant children, but they are able to enroll in schools. The inclusion of a Haitian interpreter is an important aspect, but the lack of teaching materials in these children's native language is still a barrier. In addition, it was observed that Haitian children suffer racial discrimination, with parents of Brazilian children using derogatory terms, such as "little haitian", during disagreements between the children