O que pode o lugar~corpo infantil? : um gesto cartográfico entre os estudos de gênero, a filosofia da diferença e a educação física escolar

Abstract

Resumo: Inspirada pela questão de Espinosa: O que pode o corpo? Esta tese tem como tema o lugar~corpo infantil em sua potência nas aulas de Educação Física escolar, se apoia no movimento intelectual da Filosofia da Diferença de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault e, partindo desse ponto, busca cartografar as relações em torno da educação dos corpos infantis na escola, com base nos discursos normativos sobre a chamada diversidade de gênero e sexual, analisando as diretrizes oficiais desse componente curricular no Estado do Paraná. Ao pensar o corpo de modo afirmativo e não identitário, faz uso da interpretação de Gilles Deleuze da noção de ética em Espinosa, tomando como metodologia o gesto cartográfico deleuze-guattariano ao constituir uma pesquisa em que o objeto e o método de estudo se entrelaçam. Alinha ambas as premissas teórico-metodológicas à desdobramentos conceituais que atravessam os Estudos de Gênero pós-críticos, com destaque para as obras de Judith Butler e Paul B. Preciado. Com esse ramificado organiza as linhas de problematização teórica sobre as capturas e as potências do lugar~corpo infantil: (I) linhas de superfície, no que tange às metodologias de ensino da Educação Física comparadas as memórias das/os estudantes de Licenciatura nesta área do conhecimento escolar; (II) linhas de contenção acerca do processo de generificação das corporeidades e das biopolíticas educacionais de in/exclusão da diversidade de gênero e sexual; (III) linhas de experimentação que trata da noção de corpo sem órgãos – CsO em Deleuze e Guattari sendo articulada à perspectiva ética de Espinosa. Em seu desenvolvimento, o texto busca exemplificar o que foi chamado de gênero como epistemologia e de pensar do corpo, problematizando teoricamente tais noções com o auxílio das memórias de discentes do curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná no campus Curitiba, bem como acessando o arquivo pessoal da autora em tempos de exercício docente com os quatro primeiros anos do ensino fundamental na cidade de Matinhos. Com fins de sensibilizar para o deslocamento de critérios de verdade cisheterocentrados e binários que se referem à generificação das infâncias, no contexto da escolarização do lugar~corpo infantil, ao evocar experimentações da cultura corporal de movimento que foram colocadas em prática e que produzem pontes para outras relações e criações de si que se distanciam da lógica moral da aceitação e da tolerância, inaugurando novas possibilidades de uma pedagogia menor que poderíamos chamar de pedagogia dos afectos

Abstract: Inspired by the question of Espinosa: What can the body? This thesis has as its theme the place of the child’s body in its power in school physical education classes, it is based on the intellectual movement of the Philosophy of Difference by Gilles Deleuze, Félix Guattari and Michel Foucault and, starting from that point, seeks to map the relations around the education of children’s bodies in school, based on normative discourses about the so-called gender and sexual diversity, analyzing the official guidelines of this curricular component in the State of Paraná. Thinking the body in an affirmative and non-identitarian way, it makes use of Gilles Deleuze’s interpretation of the notion of ethics in Espinosa, taking as methodology the cartographic gesture of deleuze-guattariano to constitute a research in which the object and the study method are intertwined. It aligns both theoretical and methodological premises to the conceptual developments that cross the post-critical gender studies, with emphasis on the works of Judith Butler and Paul B. Preciado. With this branched organizes the lines of theoretical problematization on the captures and the powers of the place~child body: (I) surface lines, in what concerns to the teaching methodologies of Physical Education compared the memories of the students/s of Degree in this area of school knowledge; (II) lines of contention about the process of generification of corporealities and educational biopolitics of in/exclusion of gender and sexual diversity; (III) lines of experimentation that deals with the notion of body without organs - CsO in Deleuze and Guattari being articulated to the ethical perspective of Espinosa. In its development, the text seeks to exemplify what was called gender as epistemology and thinking of the body, problematizing theoretically such notions with the aid of the memories of students of the Physical Education course at the Federal University of Paraná on the Curitiba campus, as well as accessing the personal archive of the author in times of teaching exercise with the first four years of elementary school in the city of Matinhos. In order to sensitize for the displacement of criteria of truth cisheterocentrados and binary that refer to the generificação of the childhoods, in the context of the schooling of the place~child body, by evoking experiments of the body culture of movement that have been put into practice and that produce bridges to other relationships and creations of self that distance themselves from the moral logic of acceptance and tolerance, opening new possibilities of a minor pedagogy that we could call the pedagogy of affections