Escritas de si : narrativas autobiográficas como práticas de letramento racial crítico no ensino médio
Resumo
Resumo: Diante de um Brasil que vive sob o manto do mito da democracia racial para mascarar as dinâmicas de poder e opressão que perpetuam o racismo e impactam negativamente a vida de pessoas negras, a presente pesquisa parte do objetivo geral de empreender esforços na promoção de letramento racial crítico e construção de sentidos a partir de narrativas autobiográficas. As narrativas trazem relatos de experiências e percepções de mundo dos sujeitos da pesquisa, que são a própria pesquisadora e estudantes e professores do ensino médio do Colégio Técnico de Floriano/ Universidade Federal do Piauí, que participaram de um curso de extensão elaborado como mais uma etapa de geração de dados para esta tese. Ao entrelaçar histórias pessoais com teorias, a pesquisa mostra como ambas as dimensões estão conectadas, revelando padrões culturais e vivências associadas ao racismo. A pesquisa se situa no campo da Linguística Aplicada (Moita Lopes, 2002, 2006, 2013) enquanto área do saber que versa sobre a linguagem e sua relação com as práticas sociais e se fundamenta nos pressupostos da Teoria Racial Crítica (Delgado, 2017; Milner e Howard, 2013; Ladson-Billings, 1998), do Racial Literacy (Guinier, 2004; Twine, 2006a, 2006b, 2021; Frankenberg, 2005; Skerrett, 2001; Schucman, 2018) e do Letramento Racial Crítico (Ferreira, 2014, 2015, 2022) e das narrativas (Clandinin, 2002, 2016; Norton, 2011, 2020; Milner, 2008, 2013), em articulação com uma série de teóricos, pesquisadores e intelectuais que se debruçam sobre questões raciais. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa autoetnográfica (Adams, Jones e Ellis, 2013, 2015; Bochner, 2013), de caráter qualitativo e interpretativo, que suscita e permite usar de experiências pessoais para descrever, criticar e refletir sobre realidades culturais questionando interseções entre o self e a sociedade. Finalmente, mesmo que a autoetnografia rejeite conclusões, esta pesquisa que contempla diferentes vozes se caracteriza como um espaço oportuno e produtivo para promover diálogos, questionamentos e reflexões, sem ter como foco trazer respostas, mas principalmente, também buscar respostas do leitor – que vive, como todo ser humano, um contínuo processo de "se tornar" – para a construção de uma sociedade mais justa Abstract: In the Brazil living under the myth of racial democracy to mask the dynamics of power and oppression that perpetuate racism and negatively impact the lives of black people, this research has the goal of applying efforts to promote critical racial literacy and to make meaning by autobiographical narratives. The narratives encompass experiences and perceptions of the world of the research participants, who are the researcher herself and high school students and teachers from the Technical College of Floriano/ Federal University of Piauí, who attended an extension course designed to be one stage of data gathering for this dissertation. By intertwining personal stories with theories, the research shows how both dimensions are connected, revealing cultural patterns and experiences associated with racism. This research uses Applied Linguistics (Moita Lopes, 2002, 2006, 2013) as it verses about language and its relationship with social practices. Its theoretical framework is composed of the Critical Race Theory (Delgado, 2017; Milner and Howard, 2013; Ladson-Billings, 1998), Racial Literacy (Guinier, 2004; Twine, 2006a, 2006b, 2021; Frankenberg, 2005; Skerrett, 2011; Schucman, 2018) and Critical Racial Literacy (Ferreira, 2014, 2015, 2022) and narratives (Clandinin, 2002, 2016; Norton, 2011, 2020; Milner, 2008, 2013), among other theorists, researchers and intellectuals who focus on racial issues. This is a qualitative and interpretative autoethnographic research (Adams, Jones and Ellis, 2013, 2015; Bochner, 2013), which raises and allows the use of personal experiences to describe, criticize and reflect on cultural realities questioning intersections between the self and society. Finally, even though autoethnography rejects conclusions, this research contemplates different voices and is an opportune and productive space to promote dialogues and reflections, without focusing on providing answers, but rather seeking answers from the reader – who, like every human being, is in the continuous process of "becoming" – for the construction of a fairer society
Collections
- Teses [226]