Raça e classe na perspectiva do Movimento Escola Sem Partido (ES?P) e seus efeitos nas práticas de docentes em escolas públicas brasileiras
Visualizar/ Abrir
Data
2023Autor
Batista, Clarice Martins de Souza
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: A pesquisa analisa como a perspectiva conservadora do Movimento Escola Sem Partido (ES?P) - sigla usada por nós para questionar a suposta neutralidade que o movimento quer divulgar sobre si mesmo - interfere nas práticas pedagógicas que problematizam as temáticas de raça ou de classe. O objetivo geral é analisar a perspectiva do Movimento Escola Sem (?) Partido e seus efeitos sobre as práticas de professores/as que trabalharam temas relativos à raça e à classe social, com o propósito de compreender o caráter racista e fascista da atuação do movimento contra docentes da educação pública brasileira. É uma pesquisa qualitativa de tipo exploratória, com base teórica nos estudos culturais. O corpus é constituído por levantamento documental, consulta em redes sociais e entrevistas com profissionais da educação. Para discutir o tema, ancoramos nos estudos de Penna e Salles (2017), Penna (2017), Gomes (2008, 2012, 2017, 2019), Frigotto (2017) e Kilomba (2010, 2016, 2019). Na organização dos dados foi utilizada a técnica Análise Crítica de Narrativas e Atribuição de Sentidos (ACNAS), em diálogo com a análise de discurso de Van Dijk (2015, 2016). As análises mostram que o ES?P constitui uma ameaça não apenas à diversidade sexual no ambiente escolar, mas também à realização da Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), preconizada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (alterada pelas leis 10.639/03 e 11.645/08), uma vez que criminaliza e interfere nas práticas pedagógicas que se comprometem com a ruptura das hierarquias de raça e de classe. A análise demonstrou também tratar-se de um movimento racista e fascista que defende uma sociedade excludente e se utiliza de mensagens inspiradas em propagandas fascistas do início do século XX, estimulando o ódio, a perseguição e a desigualdade entre as pessoas, especialmente, em relação aos/às professores/as. Desse modo, causa sofrimento a profissionais da educação comprometidos/as com a equidade racial e de classe. Concluímos, assim, que o ES?P escolheu a escola pública como meio de atingir mais de 82,56% da população brasileira, disseminando um pensamento acrítico que põe em risco várias políticas afirmativas construídas com muito esforço ao longo da história, especialmente, aquelas que garantem educação de qualidade para a população negra. Tais práticas se inserem no contexto de pós democracia e articulam-se com a produção de movimentos que operam com processos de dessimbolização, que podem induzir à barbárie social. Abstract: The research analyzes how the conservative perspective of the Movimento Escola Sem Partido (ES?P) - an acronym used by us to question the supposed neutrality that the movement wants to promote about itself - interferes with pedagogical practices that problematize issues of race or class. The general objective is to analyze the perspective of the Movimento Escola Sem (?) Partido and its effects on the practices of teachers who worked on issues related to race and social class, with the purpose of understanding the racist and fascist nature of the movement's actions. against Brazilian public education teachers. It is an exploratory qualitative research, with a theoretical basis in cultural studies. The corpus consists of documentary survey, consultation on social networks and interviews with education professionals. To discuss the topic, we anchored the studies by Penna and Salles (2017), Penna (2017), Gomes (2008, 2012, 2017, 2019), Frigotto (2017) and Kilomba (2010, 2016, 2019). In organizing the data, the Critical Analysis of Narratives and Attribution of Meanings (ACNAS) technique was used, in dialogue with Van Dijk's discourse analysis (2015, 2016). The analyzes show that ES?P constitutes a threat not only to sexual diversity in the school environment, but also to the implementation of Education for Ethnic-Racial Relations (ERER), recommended by the Law of Guidelines and Bases of Education (amended by laws 10,639/03 and 11,645/08), since it criminalizes and interferes with pedagogical practices that are committed to breaking race and class hierarchies. The analysis also demonstrated that it is a racist and fascist movement that defends an exclusionary society and uses messages inspired by fascist propaganda from the beginning of the 20th century, encouraging hatred, persecution and inequality between people, especially in relation to to teachers. In this way, it causes suffering to education professionals committed to racial and class equity. We conclude, therefore, that ES?P chose public schools as a means of reaching more than 82.56% of the Brazilian population, disseminating uncritical thinking that puts at risk several affirmative policies built with great effort throughout history, especially those that guarantee quality education for the black population. Such practices are inserted in the context of post-democracy and are linked to the production of movements that operate with processes of desymbolization, which can induce social barbarity
Collections
- Teses [419]