"Nós" entre o mar : amarrações entre paisagem e territorialidades na pesca artesanal do arrasto de praia na ilha de São Francisco do Sul - SC
Visualizar/Abrir
Data
2024Autor
Graça, Anderson Rodrigo Pereira da
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: Nas praias da ilha de São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina, apesar do crescente avanço dos terminais portuários, deparamo-nos com uma modalidade de pesca artesanal repleta de tradicionalidade e coletividade: o Arrasto de Praia. Essa modalidade de pesca alcança seu auge na temporada da tainha, quando os grandiosos cardumes aparecem nas praias. É nesse contexto que a territorialidade Caiçara vem a tona na ilha, quando os pescadores ocupam as praias do nascer ao pôr do sol, fixam seus olhos na amplidão do mar, transformando essas praias em um território e em uma paisagem do Arrasto de Praia. Nessa pesquisa, parto do princípio de que os pescadores e camaradas detém uma acurada percepção sobre as transformações espaciais que afetam nossa linha de costa, porque seus saberes e fazeres dependem dessa habilidade. Portanto, proponho aqui uma pesquisa etnogeográfica balizada nas epistemologias ecológicas, na qual o pesquisador executa uma imersão na pesca para transformar-se em pescador através do aprendizado intersubjetivo com o ambiente e com os demais pescadores. As categorias paisagem e territorialidade são enunciadas para abranger tanto a dimensão bio-física quanto étnico-identitária, tanto a dimensão ambiental quanto a dimensão estética que acomete as transformações espaciais na linha de costa. Nesse sentido, faço uma revisão geo-ontológica do conceito de paisagem e discuto a territorialidade a partir da obra de Haesbaert. Para ilustrar essas transformações, é dado um enfoque a dois empreendimentos portuários, um em vias de finalização outro em estado de projeto, que ameaçam a prática da pesca de arrasto. Nossos resultados demonstram a efetividade das percepções dos pescadores sobre a delicada dinâmica geográfica do ambiente costeiro, no entanto, constata-se que esses sujeitos são alvos de políticas de exclusão territorial ao não serem considerados, ontológica e epistemologicamente, como atores socioambientais na beira-mar Abstract: On the beaches of the island of São Francisco do Sul, on the northern coast of Santa Catarina, despite the growing expansion of port terminals, we come across a traditional and collective form of artisanal fishing: beach trawling. This type of fishing reaches its peak during the tainha season, when large shoals appear on the beaches. It is in this context that the Caiçara territoriality comes to the fore on the island, when the fishermen occupy the beaches from sunrise to sunset, staring at the vastness of the sea to predict the appearance of the fish, transforming these beaches into a territory and a landscape for artisanal beach trawling. In this research, I assume that the fishermen and their comrades have an accurate perception of the spatial transformations that affect our coastline, because their knowledge and skills depend on it. Therefore, I propose here an ethnogeographical study based on ecological epistemologies, in which the researcher immerses himself in the context of beach fishing, aiming to become a fisherman through intersubjective learning with the environment and with other fishermen. The categories landscape and territoriality are stated to encompass both the biophysical and ethnic-identity dimensions, both the environmental dimension and the aesthetic dimension that affects the spatial transformations on the coastline. In this sense, I make a geo-ontological review of the concept of landscape and discuss territoriality based on the work of Haesbaert. To illustrate these transformations, I focus on two port projects, one nearing completion and the other in the planning stage, which threaten the practice of beach seine fishing. Our results demonstrate the effectiveness of fishermen's perceptions, including their knowledge and practices, regarding the delicate geographic dynamics of the coastal environment. However, it is clear that these subjects are targets of policies of territorial exclusion and erasure as they are not considered, ontologically and epistemologically, as socio-environmental actors on the seashore
Collections
- Dissertações [79]