A EquoSorriso e a complexidade nos espaços, na organização, nas relações e nas experiências : olhares e fazeres pedagógicos por uma perspectiva humanizada
Abstract
Resumo: A Equoterapia, diante de um emaranhado de desafios, se revela enquanto organização complexa nas relações assumidas e ressignificadas. A busca pelo diálogo e a religação de saberes são fundamentais, porém, se tornam perigosos quando generalizam suas ações apenas por um caminho, se não considerarmos as interdependências entre saberes, escutas, processos, a própria terapia, apenas por protocolos, estatísticas ou sessões cronometradas ficará em dívida. No Brasil, a terapia com cavalos tem influência pelo segmento militar ou perfil técnico, as organizações ou centros de Equoterapia, tomados por dinâmicas restritas. Desde 2016, voluntariando no Centro Equo Sorriso, percebi o desejo dos envolvidos em ser como àquelas referências tidas como bons modelos, mas foi dialogando e escutando sobre as histórias e angústias dos praticantes, de seus familiares e sobre os contextos em que estavam inseridos, que os projetos foram se diferenciando, afinal, surgiam de necessidades como o acesso a livros; experiências com bicicletas; acesso a linguagens artísticas; acesso em momentos coletivos envolvendo comunidade local; além de ofertar projetos para as famílias, para além de eventos sociais e os para esportivos, foram destaque pelo ineditismo nos percursos da Equo Sorriso. O "fazer diferente", na gestão do tempo das sessões, criadas pelos equitadores e equipe técnica aproveitando as especificidades e jornada das crianças e suas famílias durante os tempos que no centro ali frequentavam, fortalecia a incerteza de estar fazendo o correto, mesmo que diferente. Quando conhecemos o movimento MoANE e a especialização ANE 4 as certezas e inquietudes, projetos complementares com comunidades passou a provocar um movimento coletivo e o desejo de fazer valer uma prática integradora se fortaleceu em cada encontro, leituras e vivências nas comunidades e em espaços democráticos, e eu faço parte desta história, por ser pedagoga voluntária no espaço Equo Sorriso e estudante ANE 4. Os anos 2023 e 2024, a experiência me atravessava individual e coletivamente ao mesmo tempo e as histórias das famílias e dos praticantes ganharam outras nuances. Aquela incerteza, sobre fazer diferente me encorajava para contar histórias da origem da ONG, de praticantes e o meu relato pela ótica de pedagoga em um espaço de terapia equestre, potente e educador. Nas narrativas em vídeo apresento um diagnóstico médico, sem considerar contextos e sistemas que uma pessoa convive, e como a importância da observação e acompanhamento interdisciplinar provocaram a busca de um novo diagnóstico e o resgate da autoestima de Alisson e sua família, bem como dispararam neles uma nova dinâmica familiar e um adolescente que hoje tem seu próprio sustento e monta até em boi; O segundo enredo, versa sobre a condição física de Samuel, sua família e o encorajamento, potencial demonstrado atualmente nas sessões de Equoterapia, e a convicção que sua profissão será no hipismo. Por fim, em mim, quando abandono a postura distanciada para a escuta atenta dos anseios e interlocuções necessárias para as famílias e praticantes. Para a própria instituição quando ocorre a renovação de papéis e funções quando compreendem as reais funções de uma ONG e sua multidimensionalidade na sociedade