Uma encruzilhada entre educação superior a distância, cineclubismo e cinema novo

Abstract

Resumo: O estudo investiga o cineclubismo, sobretudo através das obras cinemanovistas de Glauber Rocha como estratégia pedagógica para a construção da identidade e preservação da memória nos cursos de licenciatura de uma instituição de Educação Superior a Distância. A partir de uma epistemologia afrodiaspórica, indica a relação entre Educação, Cineclubismo e Cinema Novo. As figuras de Exu e das Encruzilhadas são tomadas como ponto de partida para responder se o cineclubismo, numa perspectiva decolonial do Cinema Novo, contribui para o reconhecimento e enfrentamento das marafundas coloniais, pelos estudantes das licenciaturas. A metodologia tem como base uma abordagem exusíaca, utilizando as sessões cineclubistas como espaço de análise crítica por meio da observação de campo e com participação direta. Os filmes Barravento (1962) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), ambos dirigidos por Glauber Rocha, são estudados por seu potencial de estimular o processo de construção identitária dos estudantes e amenizar os fardos coloniais, o que se inicia com a tomada de consciência. Apresenta a hipótese de que essas obras do Cinema Novo trazem elementos que auxiliam na construção de uma identidade emancipadora e na superação de marafundas do racismo e das desigualdades sociais. Os resultados indicam que as discussões geradas nas sessões cineclubistas desenvolveram maior senso crítico nos estudantes, através do reconhecimento dos legados coloniais que os/nos afetam. A análise dos filmes revela as contribuições do Cinema Novo, sobretudo em Glauber Rocha, para a conscientização sobre as marafundas coloniais e a tomada de consciência das identidades, reforçando o papel do cineclubismo como ferramenta pedagógica

Abstract: The study investigates cineclubism, particularly through Glauber Rocha's cinemanovista works as a pedagogical strategy for building identity and preserving memory in the degree courses of a Distance Higher Education institution. Based on an Afro-diasporic epistemology, it indicates the relationship between Education, Cineclubism, and Cinema Novo. The figures of Exu and the Crossroads are taken as a starting point to address whether cineclubism, from a decolonial perspective of Cinema Novo, contributes to the recognition and confrontation of colonial marafundas by students in degree programs. The methodology is grounded in an exusíaca approach, utilizing cineclub sessions as a space for critical analysis through field observation and direct participation. The films Barravento (1962) and Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), both directed by Glauber Rocha, are studied for their potential to stimulate the identity-building process of students and alleviate colonial burdens, beginning with an awakening of consciousness. The hypothesis posits that these works of Cinema Novo contain elements that aid in constructing an emancipatory identity and overcoming the marafundas of racism and social inequalities. The results indicate that the discussions generated in the cineclub sessions developed a greater critical sense among students, through the recognition of the colonial legacies that affect them. The analysis of the films reveals the contributions of Cinema Novo, particularly in Glauber Rocha’s work, to raising awareness about colonial marafundas and the consciousness of identities, reinforcing the role of cineclubism as a pedagogical tool