Batalhas morais de gênero e sexualidade nas páginas do facebook de parlamentares neoconservadores : entre a governamentalidade algorítmica e o dispositivo pedagógico da mídia digital
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Data
2024Autor
Insfran, Ádamo Antonioni da Silva
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Resumo: Esta tese consiste em uma análise foucaultiana da comunicação digital da extrema-direita neoconservadora no Facebook, a partir de um modelo teórico-metodológico sustentado por dois eixos complementares. No primeiro eixo, abordo o que denomino de dispositivo pedagógico da mídia digital, sob influência dos estudos de Rosa Maria Bueno Fischer (1997; 2002; 2012) e em articulação com os estudos de Michel Foucault (2010; 2008) sobre o poder disciplinar e o empreendedor de si mesmo. No segundo eixo, exploro as tecnologias do eu e o que chamo de políticas da selfie, mediante o diálogo com Fernanda Bruno (2013), Byung-Chul Han (2022a, 2018) e Antoinette Rouvroy (2021). Para isso, foi realizado um levantamento sobre os conteúdos digitais produzidos nas páginas do Facebook de lideranças políticas que legislaram durante a 56ª Legislatura da Câmara Federal (2019-2023), com grande engajamento digital e que apoiaram o governo do ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro (Partido Liberal), a saber: Eduardo Bolsonaro (Partido Social Liberal – São Paulo), Pastor Marco Feliciano (Podemos – São Paulo), Bia Kicis (Partido Liberal – Distrito Federal), Sargento Fahur (Partido Social Democrático - Paraná) e Carla Zambelli (Partido Liberal - São Paulo). Foram selecionados os conteúdos específicos que abordavam diretamente temas relacionados a gênero e sexualidade, o que incluiu questões ligadas à população LGBTI+, a partir do pressuposto de que tais temas são centrais na comunicação digital neoconservadora, que trava batalhas morais na esfera pública virtual. Assim, foram elaborados os seguintes problemas de pesquisa: I) quais são as estratégias utilizadas na comunicação digital dessas lideranças políticas que implicaram no exercício de um certo tipo de poder em torno do gênero, da sexualidade e numa tentativa de controle sobre temas ligados à população LGBTI+?; II) em que medida essas mídias digitais neoconservadoras funcionaram para "ensinar" uma disciplina sobre os corpos e formar a subjetividade do empreendedor de si mesmo? e, finalmente, III) como a governamentalidade algorítmica aliada à espetacularização do eu constituem as subjetividades contemporâneas no contexto das sociedades neoliberais? Como resultado, a tese demonstrou o uso dos memes para alimentar uma narrativa beligerante aliada a uma linguagem militarista e hipermasculina. Também ficou constatada a produção de conteúdos digitais pautados na violência política de gênero e na transfobia. Abstract: This thesis consists of a Foucauldian analysis of the digital communication of the neoconservative far-right on Facebook, based on a theoretical-methodological model supported by two complementary axes. In the first axis, I address what I call the pedagogical device of digital media, influenced by the studies of Rosa Maria Bueno Fischer (1997, 2002, 2012) and in articulation with Michael Foucault’s (2010, 2008) studies on disciplinary power and the selfentrepreneur. In the second axis, I explore the technologies of the self and what I call the politics of the selfie, in dialogue with Fernanda Bruno (2013), Byung-Chul Han (2022a, 2018), and Antoinette Rouvroy (2021). To this end, a survey was conducted on the digital content produced on the Facebook pages of political leaders who legislated during the 56th Legislature of the Federal Chamber (2019-2023), with high digital engagement and who supported the government of former President Jair Messias Bolsonaro (Liberal Party), namely: Eduardo Bolsonaro (Social Liberal Party – São Paulo), Pastor Marco Feliciano (Podemos – São Paulo), Bia Kicis (Liberal Party – Federal District), Sergeant Fahur (Social Democratic Party – Paraná), and Carla Zambelli (Liberal Party – São Paulo). Specific content addressing issues related to gender and sexuality, including matters concerning the LGBTI+ population, was selected based on the premise that these themes are central to neoconservative digital communication, which wages moral battles in the virtual public sphere. Thus, the following research questions were formulated: I) What are the strategies used in the digital communication of these political leaders that imply a certain type of power exercise around gender, sexuality, and an attempt to control topics related to the LGBTI+ population?; II) To what extent did these neoconservative digital media function to "teach" a discipline about bodies and shape the subjectivity of the selfentrepreneur?; and finally, III) How does algorithmic governmentality, allied with the spectacularization of the self, constitute contemporary subjectivities in the context of neoliberal societies? As a result, the thesis demonstrated the use of memes to fuel a belligerent narrative allied to a militaristic and hypermasculine language. It also found the production of digital content based on political gender violence and transphobia.
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- Teses [460]