O livro didático de física como artefato social : análise de sua contribuição para a emancipação

Abstract

Resumo: Entendendo o livro didático como um artefato da cultura escolar que pode potencializar o desenvolvimento de práticas emancipatórias na Educação Básica, buscamos identificar a presença de perspectivas emancipatórias em livros didáticos de Ciências da Natureza aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), em especial no que concerne aos assuntos de Física. Tendo como objetivo analisar as possibilidades de o ensino de Física contribuir com um viés emancipatório, tomamos como objeto de análise os livros didáticos de Ciências da Natureza aprovados no edital PNLD 2021, elaborados já em consonância com a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para atender ao objetivo proposto, buscamos indícios de como o ensino de Física manifesto em livros didáticos pode contribuir para a emancipação de alunos e professores. Adotamos como perspectiva emancipatória, no campo educacional, pressupostos da pedagogia histórico crítica, de Saviani (1999), e, em termos metodológicos, foi realizada uma pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfica. A partir da análise teórica do conceito de emancipação e das produções da área da Educação e da Educação em Ciências, emergiram as categorias homem, conhecimento e sociedade, que direcionaram a análise dos conteúdos de Física presentes em três dos livros didáticos mais solicitados pelos professores. Os resultados demonstraram um aspecto de contradição entre o que os documentos oficiais propõem e o conteúdo materializado nos livros didáticos de Ciências da Natureza. Em relação aos conteúdos de Física, na tentativa de atender ao critério de articulação entre as áreas, foi identificada uma superficialidade ainda maior no que tange ao aprofundamento dos conteúdos. As categorias homem, conhecimento e sociedade, a partir da perspectiva emancipatória defendida, raramente foram contempladas e, quando presentes, resumiram-se a uma abordagem breve e pontual, não induzindo ao desenvolvimento da prática social dos sujeitos, limitando a contribuição dos livros didáticos em relação ao processo de construção de um ensino de Física emancipatório.

Abstract: Understanding the textbook as an artifact of school culture that can potentialize emancipatory practices in Basic Education, the aim is to identify the presence of emancipatory perspectives in Natural Science textbooks approved by the National Textbook and Didactic Material Program (PNLD), especially with regard to Physicsrelated subjects. With the goal of analyzing the possibilities with which the teaching of Physics can contribute to an emancipatory bias, the object of analysis was the Natural Science textbooks approved in the PNLD 2021 Public Notice, ellaborated in acccordance with the proposal of the National Common Curriculum Base (BNCC). In order to meet the proposed objective, we sought evidence on how the teaching of Physics in textbooks can contribute to the emancipation of students and teachers. The emancipatory perspective adopted in the educational field was based on assumptions of Saviani's historical-critical Pedagogy and, in methodological terms, qualitative bibliographical research was carried out. Based on a theoretical analysis of the concept of emancipation and productions in the field of Education and Science Education, the following categories emerged: man, knowledge and society, which guided the analysis of the Physics content present in three textbooks that are most requested by teachers. The results showed an aspect of contradiction between what the official documents propose and the content materialized in these Natural Science textbooks. With regard to Physics content, in an attempt to meet the criterion of articulation between the areas, an even greater superficiality was identified in terms of the depth of the content. The categories of man, knowledge and society, from the emancipatory perspective advocated, were rarely contemplated and, When present, were dealt with in a brief and specific manner, not inducing an in-depth development of the subects' social practice, thus limiting the contribution of textbooks to the process of building an emancipatory Physics Education.