Interlocuções entre a educação de jovens e adultos e a educação especial : demandas e desafios dos educandos jovens e adultos com deficiência intelectual

Abstract

Resumo: Frente às problemáticas apresentadas tanto na Educação Especial (EE) como nas especificidades de jovens, adultos e idosos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), propõe-se com este estudo verificar quais são as demandas e os desafios enfrentados pelos educandos jovens e adultos com deficiência intelectual em suas histórias de vida, principalmente no que se relaciona aos seus processos educacionais, objetivando analisar as possíveis interlocuções entre EJA e EE. A pesquisa foi realizada em 2023, com quatro educandos matriculados em uma Escola Especial na Educação de Jovens e Adultos, ou seja, acima de 14 anos, a maioria adultos. A escolha da temática levou em conta as dificuldades históricas que essas duas modalidades de ensino vêm enfrentando, bem como a problemática emergente desse contexto, em que atua a pesquisadora. O referencial teórico foi fundamentado em Suplino (2005), Arroyo (2007, 2017), Cerqueira (2008), Tinós (2010), Hass (2013), Souza (2020), bem como na revisão sistemática integrativa entre outros estudos da EJA e da EE. A partir dos pressupostos da metodologia de pesquisa qualitativa-narrativa, foram feitas entrevistas semiestruturadas, observação participante durante aulas, incentivo aos educandos para contarem suas histórias de vida a fim de as ouvir. Os dados coletados e a transcrição das trajetórias de vida e de educação desses educandos foram interpretados à luz da análise de narrativas (CLANDININ; CONNNELLY, 2011). Objetivava-se possibilitar, com este trabalho, ouvir e dar voz e vez aos educandos jovens e adultos com deficiência intelectual. Porém, para além de ouvir as narrativas desses educandos, que foi especialmente enriquecedor, permitindo realizar as interlocuções possíveis entre a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Especial, essa abordagem permitiu repensar uma educação mais inclusiva até para outros campos do conhecimento que lidam com grupos excluídos, principalmente porque trazem visibilidade às suas experiências. Concorda-se nesse sentido, com apresentado por Botti (2016), que, embora muito se fale em inclusão no campo educacional em nosso país, a inclusão não deve se limitar ao âmbito escolar, pelo contrário, deve se estender a todos os setores, incluindo aspectos sociais, econômicos, políticos, entre outros. É crucial superar a concepção de que a inclusão de uma pessoa com necessidades especiais se restringe à sua inserção na rede regular de ensino.

Abstract: In view of the problems presented both in Special Education and in relation to the specificities of young, adult and elderly students in Youth and Adult Education, this study proposes to verify what are the demands and challenges faced by Young and Adult students with intellectual disabilities in their life stories, especially regarding their educational processes, aiming to analyze the possible dialogues between EJA and Special Education. The theoretical framework was based on Suplino (2005), Arroyo (2007, 2017), Cerqueira (2008); Tinós (2010); Hass (2013); Souza (2020) as well as from the integrative systematic review among other studies on EJa and Special Education. Based on the assumptions of the narrative qualitative research methodology, semi-structured interviews, participant observation during classes were carried out, encouraging students to tell their stories in order to hear these life stories. The data collected and the transcription of the life and educational trajectories of these students were interpreted in the light of narrative analysis (CLANDININ; CONNELLY, 2011). The aim of this work was to listen and give a voice to young and adult students with intellectual disabilities, which was possible with this research. However, in addition to listening to the narratives of these students, which was especially enriching, not only because it allowed us to carry out possible dialogues between Youth and Adult Education and Special Education, but because of the way in which this approach allowed us to rethink a more inclusive education even for others. fields of knowledge that deal with excluded groups, mainly because they bring visibility to their experiences. In this sense, we agree with what was presented by Botti (2016) that although there is much talk about inclusion in the field of education, in our country, inclusion should not be limited to the school environment, on the contrary, it should extend to all sectors, including social, economic, political aspects, among others. It is crucial to overcome the conception that the inclusion of a person with special needs is restricted to their inclusion in the regular education network.