A institucionalização das práticas de gerenciamento de riscos e sua maturidade : um estudo de casos múltiplos em instituições federais de ensino
Resumo
Resumo: O presente estudo objetivou analisar como se caracterizam as práticas organizacionais (re)construídas na implementação do gerenciamento de riscos e sua maturidade em instituições federais de ensino frente aos modelos de administração. Historicamente, a administração pública é considerada burocrática e regulamentada, o que milita contra uma visão de que a gestão do risco possa promover a inovação e o empreendedorismo. No entanto, literatura da área demonstra que a gestão de riscos no setor público tem evoluído, tomando uma posição de que é necessário assumir riscos para empreender e melhorar o desempenho. Seguindo essa linha, desde 2016, o Brasil tornou obrigatória a adoção de uma série de medidas para a sistematização de práticas relacionadas à gestão de riscos no âmbito do poder executivo federal. Tal medida reflete os esforços do governo em consolidar a New Public Management (NPM), que preconiza uma mudança paradigmática no modelo de gestão do setor público e rompe com o sistema burocrático tradicional. No entanto, evidências empíricas sugerem que o gerenciamento de riscos tem encontrado alguns obstáculos para a sua implementação. Desta forma, a tese é que, embora a gestão de riscos no setor público tenha evoluído e possua o foco voltado para a NPM, em algumas instituições, a implementação do gerenciamento de riscos vem sendo pautada em práticas organizacionais burocráticas. Baseado na teoria institucional e conceitos relacionados a práticas organizacionais, gerenciamento de riscos coorporativos, administração pública e seus modelos de gestão, realizou-se um estudo de casos múltiplos de lógica abdutiva com abordagem qualitativa do tipo exploratória. Por meio de múltiplas fontes de dados, investigou-se três instituições de ensino escolhidas por conveniência. Visando a obtenção de resultados confiáveis, além da adoção de critérios de validade e confiabilidade, realizou-se a análise dos dados por meio da técnica de análise de conteúdo, com o auxílio do software Atlas.ti. Os resultados demonstram que o processo de implantação do gerenciamento de riscos nos casos estudados, iniciou-se por influência normativa, que algumas práticas organizacionais apresentam características burocráticas e que existe um viés de conformidade com as características ambientais que promove o isomorfismo estrutural. Contudo, a maioria das práticas adotadas pelas instituições possuem características da NPM e o nível de maturidade da organização para o gerenciamento de riscos assume uma relação direta com a perspectiva de modelo de administração pública que a organização busca, trazendo descobertas diferentes das evidências que sugeriram a tese. Este estudo contribuiu teoricamente ao sugerir uma nova característica para as posturas das organizações frente ao gerenciamento de riscos (aqui tratada como engajamento) entre os fatores apontados por Barton e Waldron (1978) e Nutt (2006) utilizados na construção do modelo teórico, além de colaborar na redução da escassez da literatura sobre a gestão de riscos em organizações públicas e no preenchimento da lacuna teórica apontada por Bryson, Crosby e Bloomberg (2014). Em termos de contribuição prática, o estudo auxilia agentes públicos e órgãos de planejamento e controle que lidam com a gestão de riscos na adoção de novas estratégias para aperfeiçoar as políticas e buscar soluções. Uma agenda de pesquisa a partir dos resultados também é apresentada no final deste documento. Abstract: The aim of this study was to analyse how the organizational practices (re)constructed in the implementation of risk management and their maturity in federal educational institutions are characterized in relation to administration models. Historically, public administration has been considered bureaucratic and regulated, which militates against a view that risk management can promote innovation and entrepreneurship. However, literature in the field shows that risk management in the public sector has evolved, taking the position that it is necessary to take risks in order to undertake and improve performance. Along these lines, since 2016, Brazil has made it mandatory to adopt a series of measures to systematize practices related to risk management within the federal executive branch. This measure reflects the government's efforts to consolidate New Public Management (NPM), which advocates a paradigmatic shift in the public sector management model and breaks with the traditional bureaucratic system. However, empirical evidence suggests that risk management has encountered some obstacles to its implementation. Thus, the thesis is that although risk management in the public sector has evolved and is focused on NPM, in some institutions the implementation of risk management has been based on bureaucratic organizational practices. Based on institutional theory and concepts related to organizational practices, corporate risk management, public administration and its management models, an abductive multiple case study was carried out with an exploratory qualitative approach. Three educational institutions chosen for convenience were investigated using multiple data sources. In order to obtain reliable results, in addition to adopting validity and reliability criteria, the data was analyzed using the content analysis technique, with the aid of Atlas.ti software. The results show that the process of implementing risk management in the cases studied began with normative influence, that some organizational practices have bureaucratic characteristics and that there is a bias towards compliance with environmental characteristics which promotes structural isomorphism. However, most of the practices adopted by the institutions have NPM characteristics and the level of maturity of the organization in terms of risk management is directly related to the perspective of the public administration model that the organization is pursuing, leading to findings that differ from the evidence that suggested the thesis. This study made a theoretical contribution by suggesting a new characteristic for organizations' attitudes towards risk management (treated here as engagement) among the factors pointed out by Barton and Waldron (1978) and Nutt (2006) used in the construction of the theoretical model, as well as helping to reduce the scarcity of literature on risk management in public organizations and filling the theoretical gap pointed out by Bryson, Crosby and Bloomberg (2014). In terms of practical contribution, the study helps public agents and planning and control bodies that deal with risk management to adopt new strategies to improve policies and seek solutions. A research agenda based on the results is also presented at the end of this document.
Collections
- Dissertações [431]