GIRANDO O SALÃO: MÚSICA, DANÇA, ESCUTA E POLÍTICA ENTRE MILITANTES SEM TERRA
Resumo
No sentido anti-horário, em salões
improvisados, a dança em pares nos bailes (ou,
mais recentemente, dos corpos individualizados
embalados por gêneros musicais “mais
jovens”) constitui as práticas sociais de militantes
acampados ou assentados. Em diferentes
dinâmicas da militância, músicos sem terra
são convocados a cumprir a função ritualizada
de animação destes momentos, seja no cotidiano
de cada localidade ou em eventos das
mais diversas naturezas. Nesse contexto, em
pesquisa que vem sendo realizada desde 2008,
algumas narrativas apontam para uma ideia
de quem dança e gira no salão “não escuta”
ou “não presta atenção na letra” de repertórios
definidos como militantes e politizados. Assim,
delineiam-se diferenciações e fronteiras, pouco
precisas, entre repertórios musicais e comportamentos
corporais em dinâmicas diferentes
como a mística, o baile, e as intervenções
da Frente de Animação em eventos. Penso,
orientada por trabalhos como de Menezes Bastos,
Chaves e Turino, que vem se elaborando
no Movimento práticas de “escuta militante”,
sobre a qual esse texto pretende fazer alguns
apontamentos, especialmente em seu tangenciamento
com a dança e a mística.