O natural tecnizado : antropofagia, corpo e invenção nos filmes-rituais Iniciação do jovem xavante (1999) e As hiper mulheres (2011)
Abstract
Resumo: Esta dissertação aborda, de forma exploratória, as qualidades interculturais, interétnicas e impuras dos filmes-rituais indígenas do projeto Vídeo nas Aldeias (VNA) a partir do cruzamento socio-filosófico da Antropofagia. Empreende-se a conceitualização de um cinema antropófago, no qual a dimensão política, estética e social dos filmes se integram como pensamento e conduta, passando de modelo medial fílmico para modelo medial protético, a fim de pôr o corpo no centro do debate intercultural. Entre culturas e "culturas", convenções e invenções, o corpo é a potência, a criação da comunhão e da utopia no cumprimento da síntese homem natural tecnizado (corpo-câmera-cosmos), que reconfigura as sublimações antagônicas de sujeito e objeto, natureza e cultura, eu e outro, tempo e o ser. Tomase por objeto de análise dois grandes filmes produzidos pelo VNA, Wapté mnhõnõ: iniciação do jovem xavante (1999) e Itão kue-gü: as hiper mulheres (2011). De forma sincrônica pelo devir, das oficinas de formação de cineastas indígenas do VNA, passamos ao cinema-verdade e ao cine-transe de Jean Rouch, às potências do falso, o corpo e o pensamento na imagem-tempo, ao Super-8 Marginal. Abstract: This study addresses, in an exploratory way, the intercultural, interethnic and impure qualities of indigenous ritual films from the Video in the Villages project based on the socio-philosophical intersection of Anthropophagy. The conceptualization of an anthropophagous cinema is undertaken, in which the political, aesthetic and social dimensions of films are integrated as thought and conduct, moving from a filmic medial model to a prosthetic medial model, in order to place the body at the center of the intercultural debate. Between cultures and "cultures", conventions and inventions, the body is the power, the creation of communion and utopia in the fulfillment of the synthesis of technized natural man (body-camera-cosmos), which reconfigures the antagonistic sublimations of subject and object, nature and culture, self and other, time and being. The object of analysis is two major films produced by the Video in the Villages, Wapté mnhõnõ: initiation of the young xavante (1999) and Itão kue-gü: the hyperwomen (2011). In a synchronous way through becoming, from the training workshops for indigenous filmmakers at the Video in the Villages, we move on to cinema-verity and Jean Rouch's cine-trance, to the powers of the false, the body and thought in the time-image, to the Marginal Super-8.
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