A reconstituição da autoria de Carolina Maria de Jesus em Casa de Alvenaria (2021)

Abstract

Resumo: A presente pesquisa realiza comparação entre Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada, publicado em 1961, e sua edição publicada em dois volumes, em 2021: Casa de Alvenaria, Volume 1: Osasco e Casa de Alvenaria, Volume 2: Santana. Por meio de pesquisa bibliográfica e documental, analisa-se a questão autoral e a relação com as edições, buscando estender um olhar histórico e crítico sobre a construção e reconstituição da autoria de Carolina Maria de Jesus. Com esse trabalho, evidenciou-se que a autoria de Carolina Maria de Jesus possui característica interseccional, ou seja, é permeada pelas questões de gênero, classe social e raça, que ficam evidentes na medida em que ocorre ou não interferência dos editores no texto publicado. A análise realizada permite contribuir com a desconstrução de estereótipos atribuídos à escritora e a sua obra, que se encontram interligadas, uma vez que suas narrativas autobiográficas possuem especificidades literárias únicas que, por não se enquadrarem no cânone literário foram estereotipadas antes mesmo da publicação.

Abstract: This research makes a comparison between Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada, published in 1961, and its edition published in two volumes, in 2021: Casa de Alvenaria, Volume 1: Osasco and Casa de Alvenaria, Volume 2: Santana. Through bibliographic and documentary research, the authorial issue and the relationship with the editions are analyzed, seeking to extend a historical and critical look at the construction and reconstitution of the authorship of Carolina Maria de Jesus. With this work, it became clear that the authorship of Carolina Maria de Jesus has an intersectional characteristic: it is permeated by issues of gender, social class and race, which become evident to the extent that editors interfere in the published text or not. The analysis carried out allows us to contribute to the deconstruction of stereotypes attributed to the writer and her work, which are interconnected, since her autobiographical narratives have unique literary specificities that, as they do not fit into the literary canon, were stereotyped even before publication.