O uso de Bacillus sp. no controle de fitonematoides no Brasil

Abstract

Resumo: Fitonematoides são fitopatógenos de solo que prejudicam significativamente várias culturas importantes do agronegócio, como soja, feijão, milho, cana-de-açúcar, algodão e café. Os prejuízos causados por fitonematoides ao setor agrícola ultrapassam a casa dos US$ 6 milhões no Brasil. A nível global, os danos causados por fitonematoides representam, em média, 14% de todas as perdas econômicas das safras. O controle e manejo de fitonematoides nas lavouras é complexo e tem sido realizado de maneira integrada pelo uso de cultivares resistentes, pela adoção de rotação de culturas com plantas não hospedeiras, e/ou pela aplicação de produtos nematicidas de base química ou biológica (controle biológico). Nos dias atuais, o controle biológico com bionematicidas é a estratégia de manejo de fitonematoides que mais recebe destaque mundialmente. No Brasil, o mercado de bionematicidas compreendeu aproximadamente US$ 120 milhões em 2021, com potencial de dobrar o faturamento até 2030. Cerca de 60% dos bionematicidas utilizados na agricultura brasileira contém bactérias do gênero Bacillus. Devido à relevância dos produtos biológicos à base de bactérias do gênero Bacillus para controle de fitonematoides, é importante conhecer as espécies/estirpes, as formas de aplicação e os principais produtos registrados. Desse modo, objetiva-se, neste estudo, produzir uma revisão bibliográfica sobre os principais Bacillus utilizados para controle biológico de fitonematoides de importância agrícola no Brasil. Os principais meios pelos quais Bacillus spp. atuam como agentes de controle de fitonematoides são: proteção física na rizosfera e rizoplano, dificultando a interação dos fitonematoides com as raízes; e proteção química, em que algumas estirpes produzem enzimas, exotoxinas e metabólitos que têm atividade nematicida. Alguns Bacillus podem ainda aumentar o vigor e a resistência da planta aos fitonematoides, por meio da produção e liberação de fitormônios e/ou moléculas sinalizadoras. As bactérias do gênero Bacillus que mais ocorrem em bionematicidas presentes no mercado brasileiro são: Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B. licheniformis, B. firmus, B. thuringiensis, B. methylotrophicus e B. velezensis. Em um levantamento de 21 dos principais bionematicidas comercializados atualmente no Brasil, verificou-se que são compostos por 21 estirpes destas espécies de Bacillus. Entre os nematoides alvos dos produtos estão Meloidogyne incognita, M. javanica, M. graminicola, M. exigua, M. paranaensis, Prathylenchus brachyurus, P. zeae, Heterodera glycine, Rotylenchulus reniformis e Radopholus similis. A aplicação dos bionematicidas a base de Bacillus ocorre especialmente via tratamento de sementes ou via sulco de semeadura, mas alguns também possuem registro para aplicação via drench e/ou pulverização foliar. Atualmente, universidades e instituições públicas e privadas têm investido em pesquisa e desenvolvimento de novos bionematicidas. Nos próximos anos, o portifólio de bionematicidas a base de Bacillus disponível no mercado brasileiro deverá contar com mais tecnologias, que podem envolver desde o uso de novas espécies/estirpes, até a desenvolvimento de novas formulações.