Abundância de fitoplâncton e ocorrência de espécies nocivas em uma área destinada à maricultura na Baía de Paranaguá, Paraná.
Resumo
Resumo : O presente estudo buscou determinar a variação temporal (primavera, verão) e vertical (superfície e fundo) na abundância e composição do fitoplâncton em uma área destinada à matrícula na baia de Paranaguá, Paraná. Buscando identificar épocas e profundidades mais propicias para o cultivo dos bivalves, ou seja, aquelas em que ocorra a maior disponibilidade de alimento e/ou a menor abundância de microalgas potencialmente tóxicas e nocivas. A área de estudo está localizada no complexo estuarino de Paranaguá- PR, entre a foz do Rio Maciel e o setor mais externo do estuário, uma área com circulação intensa e afetada pelo regime hidrográfico e pela drenagem continental. Foram feitas coletas com periodicidade aproximadamente mensal, entre outubro de 2011 a abril de 2012, em dois pontos amostrais (réplicas). Em cada local, foi coletada água em dois estratos – superfície e fundo – para a análise temperatura, salinidade, transparência da água, clorofila-a, concentrações de nutrientes, abundância de fitoplâncton (identificação e contagem do microfitoplâncton), e ocorrência de espécies potencialmente nocivas. Tais espécies foram classificadas entre produtoras de ficotoxinas que podem intoxicar seres humanos através da ingestão de moluscos contaminados, ou espécies que não produzem toxinas, mas podem ser nocivas aos organismos marinhos e ao ecossistema. Foram encontrados oitenta e nove táxons distintos de microalgas, sendo 73% compostos por diatomáceas. Durante a primavera, houve dominância do grupo dos dinoflagelados (84% da abundância total) cuja principal espécie no período foi Prorocentrum scutelum (máx 6.080 cél.L-1 em out/11). Já no verão, as diatomáceas foram dominantes (95% da abundância total) devido às elevadas abundâncias de Skeletonema costatum (máx 11.907.685 cél.L-1 no início de fev/12. Outros táxons dominantes foram Thalassionema sp., Gyrodinium sp., Prorocentrum spp. e os morfotipos "diatomáceas cêntricas médias." (28 a 84 µm) e "diatomáceas penadas médias." (28 a 84 µm), Durante o presente estudo, foram encontradas microalgas que interagiam a lista de espécies tóxicas da IOC/UNESCO, em abundância relativamente elevada Pseudo-nitzischia sp2 "fina" (máx. 46.850 cél.L-1 no mês de março de 2012) e Dinophysis spp. (máx.3.190 cél.L-1 em out/11) além de outras microalgas potencialmente nocivas de importância local, como Coscinodiscus wailesii e Trichodesmium erythraeum. O fato de ter ocorrido a presença de espécies potencialmente nocivas – dinoflagelados na primavera e diatomáceas no verão – alerta para possível ocorrência de florações com implicações adversas para o cultivo de bivalves no local. Através de u, programa de monitoramento contínuo da área, quando identificada uma espécie potencialmente nociva, ações preventivas e específicas deverão ser aplicadas como medida de segurança alimentar para consumidores dos moluscos.