As consultas informais e a rotina de trabalho do pediatra antes e durante a pandemia da covid-19
Abstract
Resumo: Introdução/Objetivos: As "olhadinhas" ou "consultas de corredor", são denominadas consultas informais (CI), e consistem na emissão de uma opinião a um questionamento apresentado por um médico ou paciente. A maior disponibilidade atual de mídias sociais e acesso à internet permitiu aumento da frequência de CI e, com a necessidade de isolamento social determinada pela pandemia da COVID-19, estas tecnologias foram ainda mais utilizadas. O presente estudo avaliou o impacto das CI na rotina do pediatra no contexto da pandemia da COVID-19.
Métodos: Estudo observacional, analítico e transversal, com coleta prospectiva de dados. Incluídos pediatras, e médicos em formação das áreas da Pediatria, associados à Sociedade Brasileira de Pediatria que receberam convite por e-mail para participar da pesquisa on-line, além da divulgação pelas mídias sociais dos pesquisadores. A coleta ocorreu no período de fevereiro a maio de 2021, com envio via Google Forms® de questionário composto por 23 perguntas sobre CI.
Resultados: responderam ao questionário eletrônico 852 pediatras, e 93,2% (810) realizaram CI durante 2020 e 2021. Sessenta e três por cento realizou de 1 a 5 CI por semana, 96,0% utilizando a plataforma WhatsApp®. Houve aumento de 50 a 90% no número de CI em 2020 em relação à 2019. As principais razões apontadas para realizar CI foram como forma de ajudar os pacientes (60,1%) e porque também pedem opinião aos colegas (71%). CI solicitada pelo paciente foi realizada por 91,3% dos participantes, todos os dias em 30,7% dos casos e com tempo dispendido de até 30 minutos ao dia (54,0%). A quase totalidade das CI (99%) foi feita sem remuneração e 61,8% dos participantes indicaram que gostariam que a remuneração fosse regularizada.
Conclusão: As CI ficaram mais frequentes na área de pediatria durante a pandemia da COVID-19. São ferramentas úteis para acesso rápido ao paciente para aconselhamentos e orientações para os colegas, mas sobrecarregam o tempo de trabalho e não são remuneradas. O ideal seria a formalização do serviço prestado, para vencer barreiras como segurança de informações, reembolso e carga de trabalho.