Uma interpretação sócio-histórica acerca da diversidade sexual na concepção de uma comunidade escolar em Rio Branco/Acre

Abstract

Resumo: A mobilização cada vez intensa das minorias sexuais em defesa de sua dignidade não tem sido respaldada pelos sistemas de ensino tradicionais. O pânico moral em torno dos temas caros à comunidade LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queer, intersex, assexuais e outras pessoas ligadas a esse movimento social) dificulta que a escola atenda a suas funções legalmente previstas de promover a igualdade de oportunidades, o respeito à liberdade e o apreço à tolerância. Professoras/es que se voltam contra a discriminação na escola no tocante à diversidade sexual sujeitam-se a graves constrangimentos, como a exposição indevida nas redes sociais, que inclusive tem sido incentivada por parlamentares associados a denominações evangélicas. Isso contribui para a persistência de modelos pedagógicos arcaicos acerca das questões de gênero e sexualidade, especialmente o biológico e o moral/religioso. Para mensurar o quanto esses modelos penetram nas práticas escolares, realizamos uma pesquisa qualitativa, fundamentada na etnografia crítica, entre os diferentes membros - alunas/os do 9° ano, docentes, gestoras/es educacionais e técnicas/os administrativos - de uma escola de ensino fundamental da rede estadual em Rio Branco/AC. A coleta de dados se deu por meio de grupos focais e sua análise foi efetivada mediante o método dos Núcleos de Significação. O objetivo geral foi compreender como a concepção acerca da diversidade sexual dos membros da comunidade escolar articula-se com o currículo e se expressa no Plano Político Pedagógico - PPP da Escola. Ao final da investigação constatamos que a temática da diversidade sexual pode atuar como mote para uma reflexão mais aguda sobre a opressão/exploração capitalista, daí a censura sobre ela.

Abstract: The increasingly intense mobilization of sexual minorities in defense of their dignity has not been supported by traditional education systems. The moral panic around issues dear to the LGBTQIA+ community (lesbians, gays, bisexuals, transvestites, transsexuals, queer, intersex, asexuals and other people linked to this social movement) makes it difficult for the school to fulfill its legally foreseen functions of promoting equality opportunities, respect for freedom and appreciation for tolerance. Teachers who turn against discrimination at school with regard to sexual diversity are subject to serious constraints, such as undue exposure on social networks, which has even been encouraged by parliamentarians associated with evangelical denominations. This contributes to the persistence of archaic pedagogical models on issues of gender and sexuality, especially biological and moral/religious ones. To measure how these models penetrate school practices, we carried out a qualitative research, based on critical ethnography, among the different members - 9th grade students, teachers, educational managers and administrative technicians - of a school of elementary education of the state network in Rio Branco/AC. Data collection took place through focus groups and their analysis was carried out using the method of the Meaning Nuclei. The general objective was to understand how the conception about the sexual diversity of the members of the school community is articulated with the curriculum and is expressed in the Pedagogical Political Plan - PPP of the School. At the end of the investigation, we found that the theme of sexual diversity can act as a motto for a more acute reflection on capitalist oppression/exploitation, hence the censorship of it.