Aspectos da relação entre a morfossintaxe das nominalizações complexas e a morfofonologia das diminutivizações

Abstract

Resumo: Esta tese trata da expressão de grau diminutivo no português brasileiro, tendo como objetivo geral revisar o estatuto morfológico do morfema diminutivo -inh. Para tanto, parte-se de uma pesquisa bibliográfica para o estabelecimento de um cotejo entre o que já foi discutido anteriormente na literatura e a hipótese que é apresentada neste trabalho, isto é, a compreensão de que o referido morfema seja um infixo e não um sufixo. Logo, sob o escopo da Gramática Gerativo Transformacional, à luz dos arcabouços teóricos da Morfologia Distribuída, inaugurada por Halle e Marantz (1993), e da Teoria da Multiprecedência e Linearização, elaborada por Raimy (2000), propõe-se um sistema formal de análise inspirado nos estudos de Guimarães e Mendes (2011), Bachrach e Wagner (2007), Guimarães e Nevins (2012), Santana (2019) e Medeiros (2020), por meio do qual é realizado o exame da base empírica desta pesquisa, a fim de corroborar a hipótese infixativa. Esse sistema exprime um grau de adequação descritiva capaz de fornecer um tratamento para as formas diminutivizadas do português brasileiro abrangendo os casos mais elementares, i.e. os diminutivos masculinos com tema em -o e os femininos com tema em -a; os casos que conferem maior robustez à hipótese da infixação, i.e. os nomes masculinos com tema em -a, sem deixar de considerar os nomes femininos com tema em -o; os casos mais desafiadores, i.e. os nomes masculinos e femininos com tema em -e; as construções "marginais" como as formas nominais truncadas e, por fim, as pouco estudadas construções de gerúndio diminutivizadas; oferecendo especialmente para estas uma análise que cobre uma lacuna até então verificada nos estudos morfológicos. Ao final, conclui-se haver evidências suficientes para a reconsideração do estatuto morfológico do morfema diminutivo -inh como infixo, haja vista o que revelam sua morfossintaxe e sua morfofonologia.

Abstract: This dissertation deals with the expression of diminutive degree in Brazilian Portuguese, and it aims at rethinking the morphological status of the diminutive morpheme -inh. In order to undertake this task, I begin by reviewing the technical literature on the matter to stablish a comparison between the main thesis advocated for in previous works and the hypothesis I developed here, which is that this morpheme is an infix rather than a suffix. Therefore, within the broad framework of Generative- Transformational Grammar (which stems from decades of reseach by Chomsky and his collaborators), and, more specifically, under the scope of the theoretical frameworks of both Distributed Morphology - inaugurated by Halle and Marantz (1993) - and Multiprecedence and Linearization - launched by Raimy (2000) - a formal system of analysis is proposed here, developing on previous studies by Guimarães and Mendes (2011), Bachrach and Wagner (2007), Guimarães and Nevins (2012), Santana (2019), and Medeiros (2020), according to which the empirical basis of this research is examined in order to corroborate the infixation hypothesis. This system meets descriptive adequacy as it is able to provide a treatment for the diminutivized forms of Brazilian Portuguese covering the most elementary cases, i.e. the masculine diminutives with theme in -o, and the feminine ones with theme in -a; the cases that give greater robustness to the infixation hypothesis, i.e the masculine nouns with theme in -a, and also the feminine nouns with theme in -o; the most challenging cases, i.e. masculine and feminine names with theme in -e; "marginal" constructions such as truncated nominal forms, and, finally, the not-well-studied diminitutive gerund constructions; offering, especially for these, an analysis that covers a gap hitherto verified in morphological studies. In the end, it is concluded that there is enough evidence to reconceive the morphological status of the diminutive morpheme -inh as an infix, given what its morphosyntax and morphonology reveal.